A ÉTICA NO TRABALHO
Pe. Gilberto Kasper
A Ética no Trabalho deve
debruçar-se sobre um conjunto de atividades humanamente engajadas e
socialmente produtivas. Vivemos num País de contrastes, com uma das
maiores concentrações de renda do mundo e, como consequência
direta, um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano. Temos ilhas
de riqueza e de desenvolvimento tecnológico comparáveis a qualquer
país do capitalismo avançado, cercadas por um mar de miséria
absoluta comparável com muitos dos países esquecidos da África.
A Ética a serviço da dignidade humana e ao exercício da
cidadania do trabalhador, contempla as condições de trabalho e os
processos de saúde e doença que acometem os mesmos. Sugere a
regulamentação das questões de saúde e segurança no trabalho.
Salva-guarda o respeito pela vida humana e incentiva a perspectiva de
integração no trabalho.
A virada do milênio inaugurou o que costumo chamar de
“Cultura de Sobrevivência”, exigindo criatividade diante do
assustador índice de desemprego. Todo cidadão deve ter oportunidades
para desenvolver sua criatividade através do trabalho. Diante da
competitividade existente no campo do trabalho, a ética nos ajuda a
evitar a lógica excludente e predatória de certas elites,
privilegiando apenas alguns em detrimento de outros.
A particulariedade da Ética
no Trabalho está em oferecer um espaço específico para que os
trabalhadores tomem consciência de suas responsabilidades no exercício
da cidadania, isto é, compreendendo seus direitos e deveres no
relacionamento com os outros.
Percebe-se, muitas vezes, falta de perspectivas, no que diz
respeito à realização profissional. Nem sempre é possível fazer
aquilo que se gosta. O panorama do mundo do trabalho, na maioria das
vezes, obriga o cidadão a gostar do que faz. O ponto de largada,
contudo, deve partir da premissa de que todo trabalho é digno, capaz
de realizar o trabalhador que o exercer com dignidade.