PASTORAL
DOS CASAIS EM SEGUNDA UNIÃO
A propósito da reportagem publicada pela Folha
Ribeirão no domingo, dia 3 de fevereiro de 2002 à página F
1 e 2, faz-se necessário esclarecer alguns aspectos.
O objetivo da Pastoral de Casais em Segunda União é acolher
os casais, evangelizando-os e inserindo-os no seio da Igreja, que é Mãe e Mestra, na condição própria em que vivem, num
grande espírito de misericórdia, caridade e verdade.
A Igreja Católica sempre primou pela santidade do casal que
celebra o sacramento do matrimônio. Em nenhum momento de sua história,
a Igreja deixou de afirmar a indissolubilidade do sacramento do matrimônio.
Por isso, nenhum sacramento pode ser anulado
ou invalidado. Por um processo conduzido no Tribunal Eclesiástico,
algum matrimônio pode ser declarado nulo: portanto, não aconteceu.
Mas não é objetivo da Pastoral de Casais em Segunda União,
encaminhar de imediato os casais a Tribunais com a finalidade de
buscar a declaração de nulidade do primeiro casamento. Também, a
Igreja Católica, que caminha no tempo e no espaço, sem nunca negar a
Sagrada Escritura, a Tradição, o Magistério e a Doutrina, não está
facilitando processos de nulidades matrimoniais com medo de perder fiéis
ou devido ao aumento do divórcio. Ela continua séria, prudente em
sua missão de apontar caminhos de salvação para todos os seus
filhos, independente à condição em que se encontrem.
Agradeço a oportunidade do presente esclarecimento à Folha
Ribeirão, na pessoa do Diretor de Jornalismo Luiz Leblak.
No dia 5 de fevereiro tratamos da Pastoral de Segunda União
durante a aula inaugural do CEARP – Centro de Estudos da
Arquidiocese de Ribeirão Preto em Brodowski, com a presença do Sr.
Arcebispo Metropolitano, Dom Arnaldo Ribeiro, Sacerdotes, Diáconos e
Seminaristas. Á noite do mesmo dia, o tema foi apresentado a mais de
200 casais da Pastoral Familiar de toda a Arquidiocese de Ribeirão
Preto. É com imenso amor, paciência e prudência que desejamos
preparar-nos para que “TODOS tenham
vida e a tenham em abundância”.
BREVE
HISTÓRICO DA PASTORAL DE SEGUNDA UNIÃO
Depois do Encontro do Santo Padre João Paulo II com as Famílias no Rio de Janeiro, o Pe. Mário José Filho pediu para alguns casais da Pastoral Familiar da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de acordo com a Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, pensarem na constituição de uma Pastoral de Segunda União a nível paroquial.
Em 1998, os casais:
Nilson e Maria José da Silva Matias, Sérgio e Marilene
Marques dos Santos Correa, José Luiz
e Alcina Maria Rodrigues Amadeu, Aparecido e Maura
Conceição da Costa Volpin e
Luiz
Gonzaga Guimarães e Maria Cecília Caliento Paiva começaram
a preparar – se para assumir este trabalho.
Foram a procura de material e experiências de outras Dioceses,
como Bragança Paulista, Jundiaí e São Paulo.
Os Casais Nilson e Maria José e Sérgio e Marilene
participaram, em 14 de agosto de 1999 de um encontro de agentes da
Pastoral de Segunda União em Caieiras, na Diocese de Jundiaí.
Ouviram depoimentos de uma experiência de sete anos de caminhada.
Trouxeram a experiência para o grupo de Ribeirão Preto com o
material elaborado e utilizado em Jundiaí.
Reuniram – se várias vezes para estudar o material e pensar
no modo como formar os primeiros grupos de Casais de Segunda União.
Pe. Mário indicou a maioria dos casais.
Sob a orientação do Pe. Mário formaram dois grupos,
observando os critérios como: idade, tempo de segunda união, nível
social, etc. Decidiram que cada grupo tenha no máximo cinco casais
e que o Pe. Mário estaria presente nos primeiros encontros,
que seriam mensais.
Os Grupos são:
1º) Assessorado pelo
Casal Nilson e Maria José:
Hermes
e Maria Amália de Azevedo Marques Fioratti,
Paulo Sérgio Consoni Crosta e Marta Lúcia Vieira,
Joselito Cardoso Borges Galvão e Marilza Colmanette, Carlos
Roberto e Lúcia Elena Corrêa e
Rodrigo Guimarães Camargo e Renata Afonso da Silva.
2º) Assessorado pelo
Casal Sérgio e Marilene:
Francisco Carlos Bombini e Carmem Lúcia Garcia Barbosa,
Gilberto Antônio e Marli Bignatti Gallo, José Ventura e Gisele
Gonçalves Perroni e João Brás Naves e Vera Lúcia
Marabim Naves.
Pe. Mário não teve condições de ir às reuniões, que começaram
no início de 2000. Em julho de 2000, pediu – me para assumir este
trabalho. Pedi, por escrito, a Dom Arnaldo, que por sua vez, sugeriu
um projeto, calendário para o ano 2001.
De agosto até agora, tenho acompanhado todas as reuniões dos
dois grupos. Tem sido uma experiência muito edificante.
Anexamos, uma sugestão de projeto a ser estudado e apreciado
por nosso Arcebispo.
Bonfim Paulista, 14 de Novembro de 2000
- Pe. Gilberto Kasper
PROJETO DA PASTORAL DE CASAIS
DE SEGUNDA UNIÃO
1 –
Finalidade
A Experiência Comunitária das Equipes de Casais em Segunda União
tem como finalidade oferecer uma possibilidade de caminhada, de
evangelização, de vivência e de inserção dos casais na Comunidade
Eclesial de nossa Arquidiocese.
Esta fase pretende ser uma Orientação aos Casais das Equipes
de Casais em Segunda União para o desempenho do Serviço a que se
propõem, ou seja:
-
acolhida e participação na Comunidade;
-
o desenvolvimento da pessoa
e a construção do casal;
-
a unidade na pluralidade.
2
– Natureza da Pastoral e Conteúdo da Experiência Comunitária
A Pastoral de
Casais em Segunda União é uma Pastoral de Misericórdia e
Acolhimento e isso a Experiência Comunitária deve refletir como seu conteúdo.
Os
participantes dessa experiência são casais em segunda união. Ou
ambos ou um deles passaram por uma separação ou divórcio,
adentrando o caminho de uma segunda união na procura humana de não
viverem solitariamente.
Em
cada um isoladamente ou em ambos, como novo casal, poderá haver uma
situação de desnorteamento e de desespero diante do conflito íntimo
entre a crença professada e o fato acontecido, ou a evidência de um
fracasso, da ruína de uma vida de princípios e convicções, a
experiência de uma morte em plena vida. Enfim, o vazio resultante de
um sentimento de perda da vida eclesial e a proximidade de Cristo.
É
o acolhimento da Mãe, que acontece concretamente nesta Arquidiocese
através do Pastor, que institui a Pastoral de Casais em Segunda União,
abrindo o caminho de uma acolhida sincera, fraterna e cristã.
É
evidente que a Igreja tem como dever fundamental reafirmar e defender
a indissolubilidade do
matrimônio e o Depósito da Fé. O Dom do sacramento, a Graça
sacramental, possibilita, ao mesmo tempo, o atendimento à vocação e
o cumprimento da missão dos esposos cristãos.
3
– Objetivos e Meios
A
Experiência Comunitária como objetivos:
-
o aprendizado e a vivência da fé e da solidariedade cristãs;
-
o incentivo à defesa do matrimônio cristão e à prática de
uma espiritualidade conjugal e familiar;
-
a inserção dos casais na vida da Igreja e na Comunidade
Paroquial.
Os
meios propostos para se atingirem tais objetivos são:
-
a escuta da Palavra de Deus, através da sua leitura, reflexão,
partilha e vivência;
-
o convite e incentivo à participação no Santo Sacrifício da
Missa;
-
a participação e a perseverança na Oração individual, em
casal, em família e em comunidade;
-
a experiência e a vivência do Amor Fraterno no casal, na família
e na comunidade;
-
a partilha dos esforços para o crescimento espiritual do casal
e da família;
-
a abertura ao diálogo com o cônjuge, com a família e com a
comunidade;
-
a co-participação de suas vidas, exercitando o auxílio mútuo.
4
– Dinâmica
A Experiência Comunitária se realizará através
da vivência dos meios acima mencionados dentro e fora das Reuniões.
Estas se desenvolverão da seguinte maneira:
-
reuniões periódicas dos grupos ou equipes;
-
reuniões com no mínimo 5 casais participantes;
-
reuniões na casa de um dos participantes ou em local possível
e apropriado;
-
reuniões coordenadas por um Casal Piloto, da Pastoral
Familiar;
-
reuniões desenvolvidas através de unidades temáticas, que
visam dar a elas um corpo, orientação, dinâmica das várias partes,
sugestões de atividades, condições de prolongamento no tempo e
incentivos de aplicação para a vida individual, para o casal e para
a comunidade.
Poderão
ser organizados, também, Reencontros e Retiros no decorrer da Experiência
Comunitária.
5 –
Linha Temática das Unidades
Cada Unidade
tratará de um tema que, dependendo de sua complexidade, poderá ser
subdividido em duas ou mais partes. Cada uma dessas partes poderá ser
desenvolvida também em mais que uma reunião, de acordo com as
características e necessidades da equipe e com o desenrolar e duração
das reuniões.
A Linha Temática das reuniões será a seguinte:
- 1ª.Unidade: O Acolhimento e o Convite à Abertura do Coração
- 2ª.Unidade: A nossa Pertença e Participação na Vida da Igreja
- 3ª.Unidade: Uma Experiência de Vida Comunitária
- 4ª.Unidade: O Projeto de Vida do Casal
- 5ª.Unidade: O Amor: a Redescoberta, o Caminho e a Vivência (em 3 partes)
- 6ª.Unidade: O Diálogo: a Descoberta, o Caminho e a Prática (em 3 partes)
- 7ª.Unidade: O Renascimento pelo Espírito
- 8ª.Unidade: A Criação e a Antiga Aliança (em 2 partes)
- 9ª.Unidade: O Homem de Nazaré e a Nova Aliança (em 5 partes)
- 10ª.Unidade: A Igreja, o Povo de Deus em Marcha
-
11ª.Unidade: A Inserção na Igreja
6 –
Uma Pastoral de Evangelização
A
pastoral dos recasados orienta-se menos na linha da sacramentalização
e mais na direção da evangelização. Não duvidamos que o
sacramento é o caminho normal da salvação. Uma bela e bem vivida
cerimônia exprime um dinamismo de salvação já em ação no homem.
Deus, no entanto, sobretudo em circunstâncias subjetivas especiais,
tem seus caminhos próprios.
A Igreja mais não pode do que convidar os seus filhos, que se
encontram em situações dolorosas, a aproximarem-se da misericórdia
divina por outras vias, mas não pela via dos Sacramentos,
especialmente da Penitência e da Eucaristia, até que não tenham
podido alcançar as condições requeridas.
Será
um caminhar de mãos dadas, com tranqüilidade e paz de espírito, na
procura de um crescimento na fé, esperança, caridade,
espiritualidade, comunhão fraterna, participação, diálogo e na
perseverança dos valores cristãos no casal, na família e na
comunidade.
7 –
Diretrizes Pastorais
As Diretrizes da
Pastoral de Casais em Segunda União:
- A oportunidade da participação dos casais na Escuta da Palavra, na perseverança da Oração, na Expressão do Amor Fraterno e na Vida da Igreja;
- Um posicionamento efetivo quanto à afirmação da verdade, da defesa e da dignidade plena do matrimônio cristão;
- O testemunho à Igreja, pelos problemas havidos em suas vidas, da necessidade de combater o mal do divórcio em suas causas, procurando preparar melhor os candidatos ao casamento, e de acompanhá-los mais de perto em sua caminhada;
-
A inserção na Comunidade Paroquial, para nela conviver e ser
instrumento nos ministérios possíveis.
8 –
Prática da Pastoral
8.1) Sugerir uma
reciclagem para os Presbíteros da Arquidiocese com experiências já
vividas em outras Dioceses;
8.2)
Encontro de Formação para a Pastoral Familiar das Paróquias, que
desejam formar grupos de Casais de Segunda União a serem acompanhados
pela Pastoral Familiar;
8.3)
Descobrir Presbíteros que pudessem acompanhar sistematicamente, pelo
menos os Grupos da Pastoral Familiar que se dedique à Pastoral dos
Casais de Segunda União.
Ribeirão Preto, 14 de Novembro 2000
Equipe
da Pastoral de Casais em Segunda União
assessorada pelo Pe. Gilberto Kasper