A
SEXUALIDADE HOJE
Pe.
Gilberto Kasper*
A moral
sexual depende muito das diversas antropologias. Falar de sexo e falar
da pessoa humana. Uma antropologia dualista, que divide a pessoa em
espírito e matéria, vê na sexualidade uma inimiga do espírito e
leva, como consequência, a desprezar o sexo. Uma antropologia
vitalista-hedonista que acredita ter descoberto no biológico e no
instinto a verdadeira natureza do homem, exalta a sexualidade física
isolada e dissociada de qualquer forma moral. Hoje as formas
principais de dualismo se expressam como exagerada
auto-manipulação do homem, negação das realidades humanas
fundamentais e vitalismo exagerado.
A
exagerada auto-manipulação do homem divide a unidade psicofísica e
contrapõe o espiritual ao corporal. O sexo é considerado apenas como
parte do corpo. Isso contradiz o ensinamento da Sagrada Escritura e o
conhecimento das ciências humanas.
A negação
das realidades humanas fundamentais, como por exemplo, negar o duplo
fim do sexo à procriação de novas vidas e a manifestação recíproca
do amor. É justo que, da manifestação plena do amor, surja uma nova
vida.
O dualismo
pode também se manifestar em forma de um acentuado exagero da esfera
corpórea em detrimento da totalidade do ser humano. Se dá maior
importância ao prazer físico-biológico que aos outros componentes
da sexualidade. Estamos assistindo hoje na sociedade como os Meios de
Comunicação Social elevam o prazer sexual impessoal, separado do
amor dialógico, a um dos valores mais altos do homem.
A
sexualidade não é uma mera função isolada, mas impregna todo o ser
pessoal, humano, total. Não é uma atividade determinada a um fim
hedonista mas é destinada a realização humana total.
A pessoa humana é
sexualmente determinada no seu ser e no seu agir antes mesmo de
concluir um matrimônio e também no caso em que devesse permanecer
celibatário. A mútua posse sexual mais íntima pressupõe a unidade
na totalidade da vida.
*Professor de Filosofia, Ética e Cidadania
na UNAERP – Universidade
de Ribeirão Preto