O Catecismo incluirá, portanto,
coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a fé é sempre a mesma e,
simultaneamente, é fonte de luzes sempre novas.
(Constituição Apostólica "Fidei Depositum")
FUNDAÇÃO
AJUDA À IGREJA QUE SOFRE
Organização Pública Universal
Dependente da Santa Sé
Rua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, Paço do Lumiar, Telheiras. 1600-796 LISBOA
Tel.: 21 754 40 00 Fax: 21 754 00 01 (Portugal)
A Congregação para o clero, de acordo com a Congregação para a doutrina da Fé,
aprovou, em 5 de Fevereiro de 1997, o texto do Pequeno Catecismo Católico
"Eu creio", através de uma carta de Mons. Dario Castrillón, com o número
de protocolo 97/000347.
Textos: Eleonore
Beck.
Ilustrações: © Bradi Barth
Tradução: Ajuda à Igreja que Sofre
Direitos Exclusivos: © Kirche in Not, 1999. © Editorial Verbo Divino, 1999.
Cum licentia ecclesiastica. Printed
in Spain. Fotocomposição: Fonasa.
Impressão: Mateu Cromo, S.A., 28320 Pinto (Madrid)
Depósito Legal: M. 13.552-2000.
1. Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso
"Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16,15). "Ide, pois, e ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo o que vos mandei" (Mt 28,19-20). Eis a missão que Jesus confiou aos seus apóstolos. A mesma que os apóstolos transmitiram aos seus seguidores: a missão da Igreja, hoje. A Igreja testemunha e anuncia para que todos possam crer e esperar, viver e amar como Jesus acreditou e esperou, viveu e amou. Ela guarda a tradição sagrada e protege-a da falsificação e do erro.
A profissão de fé nasceu na Igreja como recapitulação válida da mensagem transmitida pelos apóstolos. Todos aqueles que, por ocasião do seu Batismo, são interrogados sobre a sua fé, confessam com as mesmas palavras a sua pertença a Deus Pai, a Jesus Cristo, seu Filho e ao Espírito Santo.
A profissão de fé (Credo) de todos os cristãos começa pela palavra "Eu". Porque no seio da comunidade, cada pessoa tem a sua própria história com Deus. Ninguém pode dizer "eu" pelo outro.
Quem diz "sim" a Deus deve saber a que se compromete. Por isso, é importante que cada cristão aprenda a conhecer e a compreender o texto fundamental da sua fé.
1.1 Eu creio
Eu sou uma pessoa e nasci rapaz ou rapariga. Tenho um pai e uma mãe, irmãos, irmãs e familiares. Vivo em sociedade com muitas pessoas, animais e plantas, e com tudo o que cresce na terra.
Os homens podem ver e ouvir, aprender e reter, pensar e fazer projetos. Podem construir casas, domesticar animais, curar doenças, transmitir a vida. Investigam o universo e são capazes de viajar até à lua, atravessar os mares e inventar bombas que destroem a vida sobre a terra. São capazes de observar e estabelecer comparações.
Os homens comunicam, aprendem uns dos outros, necessitam-se mutuamente. O que é difícil torna-se fácil quando há alguém a quem posso dizer: conto contigo; tens boas intenções para comigo. Escuto o que me dizes: confio em ti. Tu ajudas-me sempre a levantar e dás-me esperança. Quero apoiar-me em ti. Acredito em ti.
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ECLESIÁSTICO 6,14 |
1.2 Creio em Deus
As pessoas acreditam em si mesmas. Mas muitas acreditam também em algo que as ultrapassa. Acreditam em Deus. Esperam d'Ele uma resposta que ultrapassa toda a capacidade de conhecimento. Porque estou na terra? Porque temos de morrer? Donde procede a diversidade da vida? Existe uma causa última que dê sentido à vida e também ao sofrimento?
Em todas as épocas e em todos os povos, os homens procuram Deus. Procuram-n'O para aprender d'Ele a compreenderem-se e a compreender o mundo. Todo o homem pode reconhecer a mão eficiente de Deus na ordem diversificada da criação.
As obras são o reflexo d'Aquele que as criou. Existe uma maneira mais direta de encontrar Deus e de estar seguro da sua existência. Testemunham-no os profetas da Primeira Aliança, enviados por Deus. Um mestre da Igreja primitiva escreve: "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus a nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho" (Hb 1,1).
Os cristãos confiam no testemunho da Bíblia. Acreditamos que Deus escolheu o pequeno povo de Israel, entre todos os povos da terra, para estabelecer com ele uma aliança. Através deste povo, todos os povos da terra aprenderão que Deus existe e que Ele tem um plano para os homens. A história desta aliança divina com Israel encontra-se nos livros do Antigo Testamento.
Através das histórias bíblicas dos encontros, aprendemos a conhecer a Deus. Aprendemos quem é Deus e o que Ele quer do homem ou para o homem.
Moisés pastava o seu rebanho no deserto. Vê então uma sarça ardendo sem se consumir pelo fogo. Ouve a voz que lhe diz: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob... Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor...; conheço, na verdade, os seus sofrimentos" (Ex 3,6-7).
O Deus transcendente e todo-poderoso uniu-Se a esses homens. Sofreu com eles. Através de Moisés quer conduzi-los à liberdade. Moisés estremece, não quer aceitar essa missão. Pede que, do meio do fogo, lhe diga o seu nome. Deus diz-lhe: "Eu sou aquele que é". Não é um nome habitual. Deus está aí para o homem. Deus está aí! E isto é válido para todos os homens e para todos os tempos.
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ISAÍAS 43,1-3 |
Job, um homem piedoso que confiou a sua vida a Deus, descobre-O de outra maneira: a desgraça cai sobre ele. Bandos de ladrões roubam-lhe os seus rebanhos e matam os pastores. Os seus filhos, sete varões e três filhas, ficam sepultados sob as ruínas da sua casa, que desabara sobre eles. Ele próprio contrai lepra: o seu corpo cobre-se de chagas. Permanece sentado sobre um monte de cinzas e raspa-se com um caco de telha.
Não é possível que Deus envie tantas desgraças ao piedoso Job! A mulher e os amigos tentam convencê-lo a separar-se de Deus, visto que lhe paga tão mal o bem que Lhe faz. Mas Job está certo disto: se aceitamos de Deus o bem que Ele nos envia, não devemos aceitar também o mal?
Acreditar significa:
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Creio
no sol, |
Conhecimento de Deus: "As faculdades do homem tornam-no capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas para que o homem possa entrar na sua intimidade, Deus quis revelar-Se ao homem e conceder-lhe a graça de poder acolher essa revelação na fé. Contudo, as provações sobre a existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana" (Catecismo da Igreja Católica 35).
Bíblia - Antigo Testamento: Bíblia significa "livro". Designa-se assim o livro que reúne os escritos que a Igreja reconhece como "Sagrada Escritura". A primeira parte, a mais extensa, o Antigo Testamento, contém os livros nos quais o povo de Israel testemunha as grandes obras de Deus e da sua própria história. Contém três partes distintas: A Lei (Pentateuco = os cinco livros de Moisés), os Livros Proféticos, e os "Escritos" (históricos, poéticos e sapienciais). Os escritos do Antigo Testamento foram redigidos durante o milênio que precedeu o nascimento de Jesus. A segunda parte da Bíblia, mais pequena, constitui o "Novo Testamento" (cf. 3.4).
Aliança:
A palavra significa o pacto que Deus fez com Noé, com Abraão, e com todo o
povo no Monte Sinai. A aliança é para Israel o penhor da eleição. "Eu
serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo". Os "Dez
Mandamentos" constituem as regras da aliança. Todos os anos, Israel
celebra a festa da aliança.
Dado que o Deus fiel concluiu esta aliança, os homens podem confiar n'Ele.
Mesmo no meio das maiores adversidades, os homens piedosos não perdem a esperança.
Aguardam uma nova aliança que Deus oferecerá ao seu povo. A Igreja proclama
Jesus como Messias, Cristo, através do qual Deus realiza essa esperança.
1.3 Creio em Deus, Pai Todo-Poderoso
Os que crêem falam com Deus. Procuram palavras que exprimam a grandeza de Deus e expliquem que Ele é diferente: Tu és Santo, Tu és Glorioso, Tu és o Altíssimo. Prostram-se a seus pés e adoram-n'O.
Muitos justos, dos quais fala o Antigo Testamento, acreditam que aquele que vir a Deus face a face morrerá necessariamente. Mas o Antigo Testamento conhece homens cujo maior desejo é contemplar o rosto de Deus. São homens que tudo o que desejam é estar com Deus, porque acreditam, com fé, que o homem não pode ser feliz se não está junto de Deus. Acreditam que Deus castiga o pecado, mas sabem igualmente que o seu amor e a sua misericórdia são imensamente maiores do que a sua ira.
Eles dizem: Deus não quer humilhar-nos. Deus não amedronta as pessoas. Ele ama-as e quer ser amado. Ele diz de Si mesmo: "Como uma mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei" (Is 66,13). E também: "Chamar-Me-ás 'Meu Pai' e não te afastarás de Mim" (Jr 3,19). Um justo que conhece bem a Deus, diz: "Tal como um pai se compadece de seus filhos, assim o senhor Se compadece dos que O temem" (Sl 103,13).
Que Deus nos pareça, por vezes, afastado, estranho e inacessível, faz parte do mistério do seu amor. E também que Ele nos faça sentir que os seus pensamentos e os seus caminhos não são os nossos (cf. Is 55,8).
Quando os poderes do mal prevalecem, Deus pode parecer-nos, por vezes, impotente. E, no entanto, quando sentimos faltar-nos as forças, ainda é válida a palavra que o enviado de Deus dirigiu a Abraão que duvidava - sendo ancião de noventa anos de idade - que fosse possível nascer-lhe um filho: "A Deus nada é impossível". É a mesma palavra que o anjo diz a Maria na Anunciação.
Aos que estão cansados de tanto trabalho, Deus sai ao seu encontro tomando-os nos seus braços. Procura os que estão sós e senta-Se a seu lado, como uma mãe. Enxuga as lágrimas dos que já perderam a esperança. Tranqüiliza os que têm dúvidas. O seu sorriso anima os desencorajados. Nada nem ninguém é capaz de resistir a Deus. O seu braço nunca é demasiado curto para ajudar. É isto principalmente o que queremos dizer quando afirmamos: Deus é todo-poderoso. Todo-poderoso para ajudar, para perdoar e para fazer o bem. Todo o mal é estranho à sua natureza.
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2. Creio em Deus...,
Criador do Céu e da Terra
Os homens perguntam admirados: donde vem o mundo? Donde procede esta diversidade da vida? Quem decidiu sobre o curso dos astros que determinam o tempo do Verão e do Inverno, as sementeiras e as colheitas, o dia e a noite? Quem proporcionou a ordem às plantas e aos animais e concedeu a fertilidade à terra? Quem faz brotar a vida no seio das mães? O que é que existiu no princípio e qual será o fim?
Os homens que sofrem, queixam-se: Quem faz estremecer a terra e provoca as inundações? Quem retém as águas para secar a terra? Donde vem a desgraça, a doença, a morte? Donde vem o mal e quem lhe dá o poder de encher o coração humano? Acabará o mal por vencer o bem? Será a morte mais forte que a vida?
Em todo o mundo se ouvem as mesmas interrogações que angustiam os homens. Os mais sábios de entre todos os povos buscam uma resposta. Falam do mistério dos começos, das obras da divindade e da sua história com a humanidade: são os relatos das origens.
Os sacerdotes de Israel, iluminados pelo Espírito de Deus, formulam a sua fé em Deus, "criador do céu e da terra". Esta confissão de fé é tão importante que eles a situam no princípio da Bíblia.
Relatos das origens: Fala-se, por vezes, do "relato da criação" no princípio da Bíblia correndo o risco de interpretar o capítulo inicial do primeiro livro bíblico como a descrição mais ou menos exata dos acontecimentos relatados nesse primeiro capítulo. Quando se diz, por exemplo, que Deus criou o mundo em seis "dias" (fala-se dos seis dias de "trabalho" divino), a palavra "dia" não significa as vinte e quatro horas do dia. A imagem pretende sublinhar que com a criação de Deus, o tempo começa o seu percurso, e também que as diferentes criaturas ficam ligadas umas às outras. O texto que a Bíblia nos transmite não nos diz como é que o universo começou, mas quem é que o fez. O povo de Israel professa neste hino a sua fé em Deus, o qual existia antes do começo e que permanece fiel à sua criação até à sua consumação.
2.1 Tudo procede de Deus
"No princípio Deus criou o céu e a terra" (Gn 1,1). Com esta frase começa a Bíblia. "No princípio" significa: quando ainda não havia nenhum ser humano na terra, nenhum homem, nenhuma mulher, nenhuma criança, nenhum animal para deixar o seu rasto na floresta e nos campos, nenhum pássaro para cantar, nenhum peixe para nadar nas águas, nenhum raio de sol para anunciar o dia nem a lua a iluminar o céu, nem uma estrela a iluminar a noite, nenhum mar, nem altura nem profundidade, nem direita nem esquerda. No princípio havia Deus: "O seu espírito pairava sobre as águas" (Gn 1,2).
Os homens partem à descoberta do seu meio vital, a "Terra". Explicam como a diversidade da vida evoluiu ao longo dos milênios. A nossa imagem do mundo é diferente da imagem bíblica. Acerca dos começos, da causa última da vida, existem várias respostas: nós não acreditamos no acaso, mas sim que o Deus vivo é a causa original de todos os começos.
Através da fé neste Deus, podemos adotar um ponto de vista que nos permita compreender o mundo e a nós mesmos. E porque acreditamos, podemos confiar que o mundo e o homem estão seguros n'Aquele que existia já no princípio.
Deus é cheio de bondade para conosco. O povo de Israel experimentou-o muitas vezes, e cada crente experimenta-o na sua própria vida.
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SABEDORIA 11,23.25-26 |
Deus: Pai, Filho e Espírito Santo: Os cristãos louvam Deus-Pai que criou o céu e a terra. Louvamos Jesus Cristo, Filho de Deus, que desde sempre está unido ao Pai, porque é o Verbo (ou a Palavra), pelo qual todas as coisas foram feitas (Jo 1, 1-3). Louvamos o Espírito Santo de Deus, o qual pairava sobre as águas, no princípio (Gn 1,2), que dá a vida e a preserva ao longo dos tempos. Rezamos assim: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Imagem do mundo: Na época em que foram escritos os livros bíblicos, acreditava-se que a terra era um disco redondo suportado por colunas assentes no fundo do mar. Debaixo dela estaria o reino dos mortos: acima dela, a abóbada celeste separando as águas superiores das águas inferiores. A chuva cai de cima sobre a terra seca. "Céu e terra" significa todo o universo.
2.2 O homem procede de Deus
O homem chegou tardiamente à terra. Os oceanos e os continentes, as plantas e os animais existiam muito antes dele. Israel proclama: No sexto dia, no último dia da sua obra, Deus criou o homem. O homem que vive com as plantas e os animais e que, contudo, é diferente e "bem mais" do que eles. E o que querem dizer-nos os sacerdotes de Israel quando afirmam que Deus criou o homem à sua imagem.
Deus criou o ser humano, homem e mulher, para que sejam companheiros um do outro e se ajudem mutuamente. É no amor de um pelo outro que chegam a ser plenamente humanos. É juntos que transmitem a vida, a sua sabedoria, a sua experiência, o seu amor. Porque o ser humano, homem e mulher, é semelhante a Deus, é capaz de conhecer e amar a Deus, os outros homens e os animais.
O ser humano pode descobrir e investigar a terra, servir-se dela e transformá-la. Mas pode também poluí-la e destruí-la. Considera-se a si mesmo, e com razão, "senhor" da terra. A sua grandeza, porém, não vem dele mesmo. Deus destinou as últimas criaturas para que sejam as primeiras, a fim de cuidarem não só de si mesmas e dos filhos, mas também de tudo o que cresce sobre a terra.
Deus confia ao homem a tarefa de ser companheiro fiel dos animais e das plantas, a fim de que ele proteja e defenda a vida, que não explore a terra, mas a preserve, que proporcione a cada criatura o que ela necessita. O homem e a mulher, conjuntamente, são responsáveis pela terra. O homem e a mulher são ambos semelhantes a Deus.
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Senhor, a nossa terra é apenas um pequeno astro no grande universo. Depende de nós fazer dela um planeta cujas criaturas não sejam atormentadas pela guerra, torturadas pela fome e pelo medo, divididas pela absurda separação de raças, de cores e de ideologias. Concede-nos a coragem e a lucidez de começar já hoje esta tarefa, a fim de que os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos possam, um dia, usar com orgulho o nome de homens. ORAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS |
2.3 O bem ou o mal - a vida ou a morte
Louvamos a Deus. Ele criou a terra. Toda a vida procede d'Ele. E toda a vida é boa. Assim o acreditamos com fé e, no entanto, experimentamos que no nosso mundo, mesmo dentro de nós, o mal tem muito poder. Em todo o lado podemos encontrar vestígios de Deus e também do mal, mesmo dentro do nosso coração.
Há pessoas que acreditam na existência de dois deuses: um deus bom e um deus mau. Acreditamos, com o povo de Israel, num único Deus. Ele criou toda a vida e quer que as suas criaturas O sirvam em liberdade. Mas elas abusam dessa liberdade e não querem servi-l'O. Israel conta que, entre os anjos que Deus criou para estarem junto d'Ele contemplando a sua glória, alguns rebelaram-se contra o próprio Deus. Não podendo já permanecer junto de Deus, andam pelo mundo dos homens espalhando o mal. Dentre eles, existe um ao qual chamamos "demônio", que procura separar os homens de Deus e arrastá-los para si. S. Pedro aconselha-nos a estarmos atentos às tentações do mal e à fraqueza humana. Por isso diz-nos: "Sede sóbrios, estai vigilantes: o vosso inimigo, o demônio, anda à vossa volta como um leão que ruge, procurando a quem devorar. Resisti-lhe firmes na fé" (1 Pd 5,8-9).
Acreditamos que Deus destruirá as forças do mal, no último Dia, quando Ele fizer acabar o mundo. Então começará uma nova vida, definitiva (cf. Ap 20,7-14).
Mas enquanto decorre o tempo histórico, o mal continua prejudicando os homens. O homem é livre: pode colocar-se do lado de Deus, escutar a sua Palavra e colaborar com Ele. Mas pode também pôr-se do lado do demônio, ser seu interlocutor e fazer mal a si próprio e ao mundo.
A Bíblia conta-nos uma história-chave sobre Adão e Eva, o "primeiro homem". Uma história que se refere a todos os homens, qualquer que seja o momento e o lugar em que vieram ao mundo.
Eva conhece perfeitamente o mandamento de Deus. Sabe que se trata de vida ou morte.
E, contudo, ela escuta a voz do tentador: "ser como Deus", "conhecer o bem e o mal", parece-lhe apetecível. Eva come do fruto da árvore proibida e dá-o também a comer a Adão. Abrem-se-lhes os olhos, reconhecem a sua própria miséria, a sua própria debilidade. Escondem-se de Deus e receiam Aquele que é seu amigo.
Através de Eva, a mãe de todos os viventes, todos os seres humanos participam dessa mesma culpa (o pecado original). Uma dura herança. Os homens estariam perdidos se Deus não os amasse e não lhes permanecesse fiel.
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SALMO 121,2-5,7-8 |
Anjos: Seres espirituais que rodeiam o trono de Deus, O louvam e adoram. Eles cumprem a missão divina de proteger e guardar os homens. Por isso são designados por "anjos da guarda" (SI 91,11). Deus envia os seus anjos à terra como mensageiros. Gabriel diz a Maria que ela foi escolhida para ser a Mãe de Jesus. Durante a noite santa, os anjos cantam louvores a Deus nos campos de Belém.
Demônio: A Bíblia aplica ao adversário de Deus muitos nomes que indicam a sua ação maléfica: Satanás, Belzebu, Tentador, Príncipe das Trevas, Pai da Mentira, Príncipe deste Mundo.
Pecado original, falta original: Esta expressão significa a ação continuada daquele pecado que, desde o princípio, pesa sobre a história de Deus com a humanidade. Todos os homens são herdeiros desta falta. "Como conseqüência do pecado original, a natureza humana ficou enfraquecida nas suas forças, sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao domínio da morte, e inclinada ao pecado" (Catecismo da Igreja Católica 418).
3. E em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor
Quando Jesus atingiu a idade de trinta anos, saiu de Nazaré, a sua aldeia, e foi ao encontro de João Baptista, nas margens do Jordão. Depois, levou uma vida de pregador itinerante nas aldeias e vilas dos arredores do lago de Tiberíades. Começou ali a pregar a Boa Nova de Deus, dizendo: "Completou-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e acreditai no Evangelho" (Mc 1,14-15). As pessoas que o contatam percebem logo que Ele não é como os outros. Juntam-se à sua volta, querem estar perto. Escutar o que Ele diz e ver o que Ele faz. Admiram-n'O porque Ele fala sobre Deus e a natureza humana de modo distinto dos mestres das sinagogas.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO
LUCAS 19,10 |
João Baptista: Filho do sacerdote Zacarias e de sua esposa Isabel que haviam envelhecido sem terem filhos. O anjo Gabriel anuncia a Zacarias, no templo de Jerusalém, o nascimento de um filho que se chamará João - que significa "Deus é clemente". João Baptista é um eleito. Vive no deserto. Aos que a ele vêm, diz: "O Reino dos Céus está próximo, arrependei-vos". Ele batiza no Jordão em arrependimento dos pecados. É o último profeta de Israel, o precursor de Jesus.
Sinagoga: É a casa de oração dos judeus. Naquele tempo os sacrifícios eram oferecidos unicamente no templo de Jerusalém. Mas, em todas as aldeias e vilas, havia lugares de oração: as sinagogas.
3.1 Jesus, o Cristo
O povo judeu tem uma longa história com Deus. Tem também uma história com a humanidade e, neste contexto, sofreu as provações de qualquer outro pequeno povo que tem vizinhos poderosos. Acabou por ser conquistado e ocupado pelos romanos. Muitos perderam a esperança. E questionavam: Deus esqueceu-nos? A sua aliança já não é válida? Não Se lembra de que, por meio dos profetas, nos prometeu um salvador? Um salvador que nos devolverá a liberdade e a alegria de viver. Que expulsará do nosso país os estrangeiros. Que estimará mais a justiça do que os bens e que as origens sociais. Que restituirá ao povo a sua dignidade humana e aos escravos o seu nome. Que servirá a Deus e nos mostrará como podemos viver honrando a Deus.
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Ele não oferece resistência, |
Jesus: O nome de Jesus (abreviação de Jehoshua, Josué) era bastante corrente em Israel. Significa Deus (Javé) salva. Jesus cumpre a promessa do seu nome: Ele é o salvador, traz a salvação. Eis porque Lhe chamamos Salvador e Redentor.
Cristo: É a tradução grega da palavra hebraica "Messias", "Ungido". Um título atribuído aos reis de Israel. Reis e sacerdotes, ao serem entronizados nos seus cargos, eram ungidos com óleo sagrado, sinal de que tinham o direito de agir em nome de Deus. Quando Israel fala do "Ungido", do "Messias", trata-se do rei que, enviado e protegido por Deus, deverá libertar o povo da dominação romana e reinar em Jerusalém, sobre o trono de David. Os cristãos confessam que Jesus de Nazaré é esse Messias, o Filho de Deus. No Batismo, na Confirmação, na Ordenação, são ungidos com o óleo sagrado, sinal eficaz da sua presença na comunidade de Jesus Cristo.
3.2 Jesus Cristo, Filho de Deus
Jesus Cristo, o Messias, fala de Deus como mais ninguém o fez, de um modo único: direto e íntimo. Em tudo o que diz ou faz, é um com o Pai. Ele conhece a vontade do Pai. Não necessita dos Livros Sagrados nem de mestres para aprender. Por isso Jesus pode contradizer os doutores da Lei quando estes, em nome de Deus, restringem a liberdade das pessoas que lhes estão confiadas, dificultando-lhes a vida.
Jesus aproxima os homens de Deus e traz Deus aos homens. Cura os doentes ao sábado. Come com os publicanos e não evita os excluídos da sociedade e das cerimônias religiosas. Perdoa em nome de Deus aos que cometeram pecados e encoraja-os a mudar o seu modo de viver.
Muitos homens e mulheres encontram-se com Jesus. Alguns perguntam: Quem é este homem? Um profeta de Deus, talvez? Outros enchem-se de espanto e confiam n'Ele. Outros perguntam com desconfiança: Quem Lhe terá dado tão grande poder? Outros dizem Ele blasfema. Outros, ainda, comentam: Cristo, quando vier, fará milagres maiores do que o que este faz? (Jo 7,31).
Mas todos, qualquer que seja a sua opinião, sentem que o mistério do ser de Jesus está relacionado intimamente com Deus.
Em Israel, quando se queria dizer que uma pessoa estava particularmente unida a Deus, dizia-se: é um "filho de Deus". Ao povo de Israel, por ser o eleito, chamamos-lhe "filho de Deus" (Ex 4,22). Aos reis que governam o povo em representação de Deus, que é o Rei, é-lhes dado no dia da sua entronização e da sua unção, o título honorífico de: "Tu és meu filho" (SI 2,7). Quando dizemos: "Jesus é o Filho de Deus", queremos dizer mais do que isso. Jesus está unido a Deus de um modo muito mais íntimo que o rei ou o povo de Israel. Nada no mundo dos humanos é comparável à relação de Jesus com o Pai. Os evangelistas sublinham este fato quando testemunham que Deus mesmo, em dois momentos cruciais da vida terrestre de Jesus, O proclamou seu "Filho muito amado": por ocasião do seu Batismo no Jordão, antes de Jesus iniciar a sua missão de pregador itinerante, e no Monte da Transfiguração, antes de Jesus subir a Jerusalém para aí sofrer e morrer.
Quando Pedro, o primeiro dos apóstolos, confessa: "Tu és o Cristo. O Filho do Deus vivo" (Mt 16,16), Jesus responde-lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus".
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
3,16 |
Publicanos: Cobram os impostos por conta do ocupante romano, assegurando assim os seus rendimentos. Por vezes exigem em excesso. São desprezados por todos e ninguém deseja relacionar-se com eles.
Filho de Deus: Jesus está unido a Deus de um modo diferente e mais íntimo do que o povo de Israel com os seus reis. Ele é, como dizem os Padres da Igreja, "Deus de Deus, luz de Luz, nascido de Deus, da mesma natureza que o Pai".
Apóstolos: Apóstolo significa "enviado", "mensageiro". Simão Pedro, Tiago e João, os filhos de Zebedeu, André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão o Cananeu e Judas Iscariotes que O entregou (Mc 3,16-19). Doze homens que Jesus escolheu entre todos os seus discípulos. Pedro é o primeiro dentre eles.
3.3 Jesus Cristo, Nosso Senhor
O primeiro povo de Deus vive na sua aliança. Os reis reinam em seu nome. É para O glorificar que os sacerdotes oferecem sacrifícios. Os seus mandamentos não são postos em dúvida. Eles são a única lei que obriga a todos, poderosos e humildes. Nas suas orações, os judeus crentes dirigem-se ao seu "Senhor". O nome de Javé, "Eu sou Aquele que sou" ou "Eu sou Aquele que está", é-lhes tão sagrado que eles não o pronunciam nem escrevem, com receio de o profanar. Dão graças a Deus, o "Senhor", que está próximo do seu povo, clemente e misericordioso, e que não exige mais do que ser amado "com todo o coração e com todas as forças".
Quando os cristãos chamam "Senhor" não só a Deus Pai mas também a Jesus Cristo ressuscitado dentre os mortos, confessam que Ele é o Filho de Deus, proclamam ao mesmo tempo a sua confiança e manifestam a sua vontade de estar ao serviço uns dos outros como Jesus lhes pediu, na véspera da sua Paixão:
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
13,13-14 |
Para os primeiros cristãos, confessar Jesus, o Senhor, poderia ter conseqüências fatais, pois os imperadores romanos, os "senhores do mundo", reivindicavam também este título honorífico. Muitos cristãos (os mártires), homens e mulheres, deram a sua vida não se deixando afastar da profissão de fé em Cristo Jesus, único Senhor.
A Igreja de Cristo começa a celebração da Eucaristia pela invocação grega "Kyrie eleison": Senhor, tem piedade. E no Glória, o cântico de louvor, confessa: "Pois só Vós sois o Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo na glória de Deus Pai".
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EPÍSTOLA AOS ROMANOS 10,9 |
3.4 A Bíblia: O Novo Testamento
O Novo Testamento é a parte da Bíblia (cf. 1.2) que nasceu na Igreja de Cristo. É composto de vinte e sete livros escritos pelos apóstolos, missionários e mestres, entre os anos 50 e 100 depois do nascimento de Cristo. Encontramos nele 21 epístolas (cartas) - 13 de São Paulo dirigidas a diferentes comunidades. Estes livros foram rapidamente considerados uma instrução apostólica normativa para a Igreja.
Os quatro evangelistas (São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João) testemunham, cada um a seu modo, os fatos, gestos e palavras de Jesus Cristo, Nosso Senhor, assim como a sua Paixão e Ressurreição. Nos Atos dos Apóstolos, o evangelista São Lucas descreve a história da Igreja primitiva, que se constitui sob a direção de São Pedro em Jerusalém, e o trabalho dos primeiros missionários, em particular São Paulo. O último livro do Novo Testamento, o Apocalipse de São João, contém as imagens proféticas e o anúncio da vitória definitiva de Deus sobre os poderes do mal.
A Bíblia é constituída pelo Antigo e Novo Testamento. A Igreja acredita que o Espírito Santo de Deus preservou do erro os homens que escreveram estes livros e que o seu testemunho é digno de fé, verídico e fiel. Como os autores da Sagrada Escritura redigiram na língua do seu tempo, eles devem ser reinterpretados em cada época, para cada comunidade. Mas como o Espírito Santo de Deus é o garante dessa autenticidade, resultam válidos para todos os tempos. Os escritos bíblicos reconhecidos como verdadeiros e autênticos pela Igreja formam o cânon da Escritura Santa. São lidos na Missa e constituem o fundamento da fé.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
20,30-31 |
Apostólico: Os apóstolos transmitem aos seus sucessores, os bispos, o ministério que Jesus mesmo lhes confiou. A cadeia da tradição une-nos aos começos.
Evangelho:
"A Santa Mãe igreja defendeu sempre e continua firmemente a defender e com
a maior constância, que os quatro Evangelhos, dos quais ela afirma sem hesitar
a historicidade, transmitem fielmente o que Jesus, Filho de Deus, durante a sua
vida entre os homens, fez realmente e ensinou para a sua salvação eterna, até
ao dia em que foi elevado ao céu". (Concílio
Vaticano II, Dei Verbum 19).
Espírito Santo: À assistência do Espírito Santo na composição dos livros bíblicos chamamos "inspiração".
Cânon: Significa "regra". Chamamos assim ao conjunto dos textos reconhecidos pela comunidade dos crentes como inspirados. Só estes podem ser lidos durante o culto divino.
4. Concebido pelo poder do Espírito Santo, Nasceu da Virgem Maria
Nós acreditamos e confessamos que Jesus de Nazaré é o messias, Filho de Deus. Desde todos os tempos Ele vive na glória do Pai. Veio ao mundo, tornando-Se semelhante a nós, manifestação do amor do Pai feita carne. Um amor que ultrapassa tudo o que os homens podem imaginar e dizer.
Os teólogos e os discípulos de Jesus têm, cada um, a sua própria maneira de falar do mistério da encarnação. São João começa o seu Evangelho por um hino a Cristo: "E o Verbo fez-se carne (quer dizer "homem") e habitou entre nós, e nós contemplamos a sua glória." (cf. Jo 1,1-18).
Na epístola aos Filipenses, São Paulo cita um hino batismal que descreve a encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, como um movimento do "céu" em direção à "terra" (de Deus para os homens) que volta para o "céu": "Ele, de condição divina... Tornou-Se semelhante aos homens... Humilhou-Se e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus O exaltou... Para que todos, no céu, na terra e nos abismos, proclamem que Jesus Cristo é o Senhor." (Fil 2,6-11).
Na sua epístola aos Gálatas, São Paulo descreve a "vida de Jesus" numa só frase: "Quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob o domínio da Lei... A fim de nos conferir a adoção filial." (Gal 4,4-5).
São João dirige-se à sua comunidade de maneira ainda mais direta: "Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que vivamos por Ele... E nós contemplamos e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo" (1Jo 4,9.14).
Dois dos evangelistas, São Mateus e São Lucas, escolheram uma forma familiar às comunidades para as quais escrevem o seu Evangelho. Contam como Jesus veio ao mundo e o que significa esta vinda para os homens que, segundo a vontade de Deus, desempenham um papel na história do seu Filho. Começam o seu livro pelo "Evangelho da infância" (Mt 1-2, Lc 1-2).
4.1 O Filho de Deus vem ao mundo
Com o nascimento de Jesus começa uma nova era na história de Deus com os homens. É por isso que o nosso calendário conta os anos "depois de Jesus Cristo". No homem Jesus de Nazaré, é o próprio Deus - como nosso irmão - que vem ao mundo. É por isso que não podemos evocar o seu nascimento sem evocar Deus. São Mateus e São Lucas também não podem relatar o nascimento de Jesus como o de uma criança qualquer. No seu Evangelho, não apenas se narra o que aconteceu, mas também - para dizer plenamente a verdade - o que os acontecimentos significam no projeto divino.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO
LUCAS 2,11 |
Graça: Deus é santo, é eterno, é perfeito em Si próprio. O homem é mortal, pecador, imperfeito - mas ele está aberto a Deus. Contudo, não haveria história de Deus com os homens se o Deus eterno e santo não oferecesse ao homem a oportunidade duma redenção e, através desta, não Se oferecesse a Ele próprio. É este Dom de Deus que evocamos quando falamos de "graça". Nenhum homem pode merecer a "graça"; trata-se de um dom livre e gratuito do Deus livre. O homem pode refugiar-se nela. A graça de Deus torna-nos semelhantes a Ele: enquanto co-herdeiros de Cristo, tornamo-nos filhos e filhas de Deus, chamados à vida eterna, num face a face com Deus. "É pela graça de Deus que eu sou o que sou." (1Cor 15,10). Nenhum olho humano viu o que seremos. Há pessoas a quem Deus confia uma tarefa particular, para a qual concede uma graça particular.
4.2 Maria, a Mãe de Jesus
Na vida de cada um de nós, a mãe desempenha um papel determinante. Deveria ter sido diferente para Jesus? É verdade que Ele fala com mais freqüência do Pai que está nos céus. E mesmo nos escritos do Novo Testamento, Maria raramente é evocada. No entanto, podemos e devemos perguntar: Quem era aquela mulher que deu a vida a Jesus e O acompanhou?
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A minha alma glorifica ao
Senhor EVANGELHO SEGUNDO SÃO
LUCAS 1,46-55 |
4.3 Maria, Mãe da Igreja
Os cristãos veneram Maria, a mãe do seu Senhor: em todas as igrejas encontramos a sua imagem. Muitas mulheres têm o seu nome. Recordamos e celebramos Maria principalmente em quatro solenidades:
1 de Janeiro: |
No primeiro dia do ano,
celebramos a solenidade de "Santa Maria Mãe de Deus".
Festejamos a "Santa Mãe que deu à luz o Rei do céu e da
terra" (antífona de entrada) e a "Mãe da Igreja" (oração
final). |
25 de Março: |
Na solenidade da
"Anunciação do Senhor" (nove meses antes do Natal), a Igreja
celebra ao mesmo tempo o Senhor e sua Mãe, ela que no momento da sua
eleição, afirma: "Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim
segundo a tua palavra!" (Lc 1,38). |
15 de Agosto: |
A Assunção de Maria, o
dia em que ela foi elevada ao céu. Celebramos este dia, embora não se
saiba quando Maria morreu nem em que circunstâncias. Mas acreditamos
que ela foi "elevada à glória do céu em corpo e alma".
Maria já se encontra onde nós estaremos também um dia. Possui já a
vida que nos está destinada. |
8 de Dezembro: |
É o dia em que celebramos
a "Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria".
Estas palavras parecem complicadas, e no entanto são simples de
compreender: Deus escolheu Maria. Concedeu-lhe os dons do Espírito
Santo. O "poder do Altíssimo" cobriu-a com a sua sombra. São
palavras e imagens que traduzem o mistério duma eleição que preservou
Maria do pecado original, com o qual todos nascemos: é esta a nossa fé. |
Os cristãos veneram a santíssima Virgem de muitas maneiras. Cantam os seus louvores e pedem à Mãe de Jesus a sua intercessão. Em todo o mundo, os cristãos rezam e cantam o Magnificat de Maria e saúdam-na com as palavras do anjo.
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5. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MARCOS 10,33-34
ATOS
DOS APÓSTOLOS 2,22-23
5.1 A favor ou contra Jesus
O Credo nada diz do tempo que vai do nascimento de Jesus à sua morte violenta (no ano 30). Quem quiser compreender como é que Jesus pôde chegar a um fim tão ignominioso, terá de recorrer ao testemunho dos evangelistas. Estes falam dos sinais, dos milagres e prodígios de Jesus, para que as pessoas dêem conta de que o Reino de Deus está próximo: Jesus cura os doentes, toca os leprosos e estes ficam sãos, liberta os possessos do poder do demônio, numa palavra, realiza ações que em Israel se esperam do Messias. Jesus fala de Deus duma maneira nova. Conta parábolas e ensina de tal modo que as pessoas simples compreendem o que Ele diz do Pai.
Jesus encontra discípulos que lhe confiam a sua vida. Mas há também pessoas que duvidam e O rejeitam. Os seus adeptos são quase sempre gente modesta, com pouca influência: entre os seus seguidores mais próximos, os apóstolos, não há sequer um doutor da Lei.
Os dirigentes religiosos, os sumos sacerdotes e os doutores da Lei, procuram evitar o aparecimento de heresias em Israel. Desde o princípio observam, com desconfiança, Jesus e o movimento que Ele suscita.
Num sábado, ao curar a mão atrofiada dum homem, protestaram: Jesus não respeita as prescrições de Moisés. É um pecador. Não é permitido curar ao sábado.
Quando exorciza um possesso, exclamam: Ele também é possesso, de contrário não teria poder sobre os demônios.
Até em Naim, quando encontra um cortejo fúnebre, Jesus não fica indiferente. Não olha como simples espectador para o sofrimento da mãe em lágrimas. Não diz aos que sofrem: "A vida é assim", ou então: "É a vontade de Deus, tens de aceitá-la". Aproxima-se do caixão e reanima o morto. Onde quer que Jesus Se encontre, os que sofrem são consolados, a morte dá lugar à vida. Esta experiência vale enquanto houver mães que choram e amigos que estão de luto.
Alguns dizem: Jesus é bom. Outros: Não, manipula as multidões, é um falso profeta.
Os fariseus e os doutores da Lei procuram levar Jesus a cair numa armadilha. Enviam mensageiros encarregados de espia-l'O, mas estes nada encontram de negativo contra Ele. Uma vez que os fariseus e os doutores da Lei não acreditam que Jesus é o Messias, põem-se contra Ele e decidem levantar-Lhe um processo, acusando-O de blasfêmia, para assim poderem condena-l'O à morte.
Quando o Sumo Sacerdote pergunta a Jesus: "És tu o Messias, o Filho de Deus?", Jesus responde: "Sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, e vir sobre as nuvens do céu". Então o Sumo Sacerdote rasga as vestes e diz: "Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?". Todos se pronunciaram dizendo que Jesus era réu de morte (Mc 14,61-64).
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ser testemunha de que Ver como os extraviados
reencontram o caminho, |
Sumo Sacerdote: O sacerdote mais importante, o presidente do Sinédrio, o intermediário entre os judeus e o ocupante romano ao qual deve a sua entronização. Desde o ano 6 ao 15 depois de Cristo era Anás o sumo sacerdote em Jerusalém; do 18 ao 36 d.C., ocuparam este cargo os seus cinco filhos e o seu genro Caifás.
Sábado: O sétimo dia da semana é, para os judeus, um dia de festa e de culto religioso. Ao longo dos séculos numerosos preceitos regulamentaram o que era permitido e proibido neste dia de repouso.
Fariseus: Significa "os separados". Um partido político e religioso composto por homens piedosos que defendiam a rigorosa observância das prescrições de Moisés e viviam de acordo com elas.
5.2 A Nova Aliança
Os Evangelhos da Paixão, da morte e da ressurreição de Jesus são os textos mais antigos e mais sagrados da Igreja. Todos os anos a Igreja celebra na "Semana Santa" os últimos dias de Jesus em Jerusalém.
No Domingo de Ramos, Jesus chega a Jerusalém em companhia dos seus discípulos para celebrar a festa da Páscoa. Entra na cidade montado num jumento; vem como rei da paz. As pessoas aclamam-n'O. Jesus ensina no Templo. Judas, um dos doze apóstolos, deixa-se corromper e dispõe-se a entregar Jesus.
Na Quinta-Feira Santa Jesus celebra com os seus discípulos a Ceia pascal. Tomou o pão, partiu-o e deu-o dizendo: "Isto é o meu Corpo que será entregue por vós". Depois tomou o cálice, deu-o aos seus discípulos dizendo: "Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim".
Jesus dá um novo sentido à Páscoa judaica: dá-Se a Ele próprio aos seus discípulos sob as espécies do pão e do vinho. Deste modo estabelece a Nova Aliança que Ele sela com o seu sangue.
O evangelista São João conta que Jesus, na última Ceia, na véspera da sua morte, ajoelhou-Se diante dos discípulos para lhes lavar os pés. Procede assim para que, com o seu exemplo, compreendam a ordem da Nova Aliança: o "maior" deve fazer-se "pequeno" como Jesus, para servir os seus irmãos e irmãs.
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Domingo de Ramos: A Igreja comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Em muitas paróquias organizam-se procissões.
Páscoa: Era outrora e continua a ser a maior festa judaica. Comemora a primeira noite de Páscoa quando Deus libertou o seu povo Israel da escravidão do Egito e o conduziu à liberdade.
Quinta-Feira Santa: De manhã, o bispo consagra o óleo santo que se utiliza nos sacramentos do Batismo, Confirmação, Unção dos doentes e Ordem. De tarde, as paróquias celebram o memorial da Ceia pascal. Recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, a Eucaristia, que nos converte em irmãos e irmãs uns dos outros e nos compromete a amar com o amor do próprio Cristo.
5.3 Entregue nas mãos dos homens
Depois da Ceia, Jesus dirigiu-Se para o jardim de Getsêmani, situado sobre o Monte das Oliveiras. Os discípulos acompanham-n'O. Chegados ao jardim, Jesus diz-lhes: "Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou rezar". Tomando consigo Pedro, Tiago e João, disse-lhes: "A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai". Indo um pouco mais longe, prosta-Se com o rosto por terra e reza: "Pai, se queres afasta de Mim este cálice. Contudo, não se faça a minha vontade mas a tua". Depois volta para junto dos seus discípulos e encontra-os a dormir. Acorda-os e diz a Pedro: "Não pudestes vigiar comigo nem sequer uma hora?" Afastou-Se deles, pela segunda vez, para ir rezar sozinho. Depois volta e encontra-os de novo adormecidos. Afasta-Se uma terceira vez para orar no meio da noite. Em seguida, acorda os discípulos e diz-lhes: "Continuais a dormir? Chegou a hora: eis que o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores". Vistas as coisas superficialmente, Jesus fracassou e, com Ele, a sua mensagem. No entanto, Ele permanece fiel à sua missão e Àquele que O enviou. Não procura escapar, não Se furta a nada. Arrisca a sua vida e aceita a morte.
E não tem que esperar muito
tempo. Nesse momento chega Judas, um dos doze apóstolos, ao Jardim das
Oliveiras, com um grupo de homens armados. Arrastam Jesus conduzindo-O à presença
do sumo sacerdote para ser interrogado. Quando os membros do Sinédrio
Lhe perguntam: "Tu és, portanto, o Filho de Deus?", Jesus responde:
"Vós dizeis que Eu sou". Pela manhã levam Jesus a Pôncio Pilatos
que, desde o ano 26 ao 36 d.C., era o prefeito romano da Judéia. Acusam Jesus:
"Este homem blasfema contra Deus!" e "diz ser Ele mesmo
rei!" Pilatos manda flagelar Jesus. Os soldados enterram-Lhe na cabeça uma
coroa de espinhos, vestem-Lhe um manto vermelho, ultrajam-n'O e batem-Lhe.
Pilatos acaba por pronunciar a sentença: Jesus deve morrer crucificado.
Jesus leva a sua cruz até ao Monte do Gólgota, fora dos muros de Jerusalém.
Ao meio dia de Sexta-Feira Santa, Jesus é
crucificado entre dois criminosos que são executados ao mesmo tempo que Ele.
Por volta da hora nona (15h da tarde), expira.
Os evangelistas atestam o acontecimento. Testemunham que tudo isto faz parte do plano de Deus para a redenção: Jesus foi entregue aos homens permanecendo, apesar disso, nas mãos de Deus. Sofre e morre para nos salvar. Com a sua morte é uma nova vida que começa. O amor de Deus por nós, homens, manifesta-se na Paixão e morte de Cristo: Mistério da fé.
Os mensageiros de Cristo dão testemunho de que:
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
15,13 |
Sinédrio: A suprema autoridade judaica integrada por setenta e um membros (anciãos, sacerdotes, doutores da lei) sob a presidência do Sumo Sacerdote.
Sexta-Feira Santa: A Igreja celebra este dia duma maneira muito especial. Ao entardecer, os fiéis reúnem-se para comemorar a Paixão e morte do Senhor. Na liturgia da Palavra, ouvimos o hino profético do Servo sofredor, um extrato da epístola aos Hebreus e o testemunho do evangelista São João sobre a crucifixão de Jesus. Na "oração universal", os cristãos apresentam a Deus - em nome de toda a humanidade - os grandes sofrimentos do nosso tempo. Depois, veneramos a cruz, sinal de salvação. Durante a comunhão recebemos o Pão da vida.
5.4 Foi sepultado
José de Arimateia não pode aceitar que Jesus permaneça na cruz durante a noite. É um homem influente, que até ao momento receou mostrar-se como discípulo de Jesus.
Agora atreve-se a fazê-lo. Vai procurar Pilatos e pede-lhe autorização para retirar Jesus da cruz e sepulta-l'O. Pilatos acede ao seu pedido. José envolve o corpo de Jesus com um sudário e deposita-O num túmulo novo escavado na rocha, digno de um mestre de Israel. Fecha-o com uma grande pedra redonda. Algumas mulheres, que acompanharam Jesus até Jerusalém, observam de longe.
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6. Desceu à mansão dos mortos; Ressuscitou ao terceiro dia
Deus criou o homem - Adão e Eva - à sua imagem: criou-os homem e mulher. E abençoa-os. Ama-os: a eles e a todos os seus filhos e aos filhos dos seus filhos, a quem confiou a terra. O seu amor abarca não só os que Lhe são fiéis e respeitam os seus mandamentos, mas também todos os que nunca ouviram falar d'Ele e que, por isso, não O procuram, não O encontram e ignoram como viver para Lhe agradar. Deus quer partilhar a sua vida com todos.
O tempo passa. Os homens morrem. Morrem os que vivem sem Deus ou contra Ele, mas também todos os que O amam: Adão e Eva, Abraão e Moisés, Sara, Rebeca e Miriam, David e Salomão, Elias e Amós, Zacarias e Isabel, Simeão e Ana, João Baptista e toda a multidão de pessoas das quais só Deus conhece o nome e o amor.
Terão eles esperado em vão? Esquece Deus a sua fidelidade? Nós acreditamos que Deus não levou a Boa Nova só aos vivos. Acreditamos que Jesus desceu à mansão dos mortos e que ali proclamou também: Completou-se o tempo. O Reino de Deus está a chegar. Estais resgatados. Deus é misericordioso com todos os que O amam. Isto quer dizer que a morte perdeu o seu poder: não pode reter os que amam a Deus. Jesus Cristo, o Senhor, morreu por todos. Todos pertencem à comunidade dos vivos fundada por Ele.
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EXTRATO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA
IV |
Mansão dos mortos: Mundo inferior, império da morte. As histórias da Bíblia transmitem-nos a "palavra de Deus expressa em línguas humanas". Isto significa que os homens que testemunham a sua experiência de Deus, o fazem com as representações e as imagens do seu tempo. Imaginam a terra como um disco. Sobre ela, encontra-se a abóbada celeste, o "domínio" onde Deus reina sobre os viventes. Em baixo o mundo subterrâneo (sheol), a região onde reina a morte sobre os defuntos. Por isso se diz: Jesus "desceu" à mansão dos mortos.
6.1 Jesus está vivo
O Filho de Deus fez-Se homem. Um homem que nasceu e que morreu sobre a cruz. O seu corpo foi sepultado. Existem testemunhas disso. Não só os homens e as mulheres que O tinham seguido em Jerusalém, mas também os acusadores, os servos dos carrascos, Pôncio Pilatos e os soldados romanos...
Os quatro evangelistas referem que pela manhã cedo, no dia de Páscoa, algumas mulheres vão ao túmulo de Jesus levando perfumes. Ao chegar à sepultura, encontram retirada a grande pedra que a fechava. Entram no túmulo e vêem um jovem vestido de branco, sentado à direita. Assustam-se. Mas o anjo diz-lhes: "Não vos assusteis. Procurais Jesus de Nazaré que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde O puseram. Agora deveis ir dizer aos seus discípulos e a Pedro que Ele vai à vossa frente para a Galileia" (Mc 16,1-7)... São João conta como Maria Madalena encontra o Ressuscitado na manhã de Páscoa. Estava a chorar junto ao túmulo vazio. Nisto, vê Jesus sem O reconhecer. Só quando Jesus a chama pelo seu nome "Maria" é que ela O reconhece. Diz-Lhe em hebraico: "Rabuni", que significa "Mestre". O Ressuscitado responde-lhe: "Vai procurar os meus irmãos e diz-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus". Maria Madalena foi anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor (Jo 20,11-18).
Os discípulos dizem: Jesus não
está morto. Ele vive: apareceu-nos. Nós vimo-l'O. A nossa história com Ele, a
sua história conosco, não terminou. Os homens e mulheres que proclamam esta
incrível mensagem são testemunhas. Na sua primeira epístola aos Coríntios
(1Cor 15,5-8), São Paulo enumera-os: em primeiro lugar Pedro, a pedra sobre a
qual Jesus edificou a sua Igreja. Depois, os Doze que Ele escolheu como apóstolos.
A seguir, quinhentos irmãos dos quais alguns já morreram. Posteriormente Jesus
apareceu a Tiago, que preside
à comunidade cristã de Jerusalém e ainda a todos os discípulos. Por último
apareceu igualmente a São Paulo no caminho de Damasco, quando este perseguia os
cristãos.
Depois deste encontro, São Paulo, ardente perseguidor dos cristãos, converteu-se num não menos ardente pregador de Cristo. Para todas estas testemunhas, o sepulcro vazio constituiu um sinal essencial. O encontro com o Ressuscitado converteu-se, para eles, na sua vocação: devem transmitir a outros o que viram. A sua fé é tão firme que estão prontos a morrer por ela. É na fé destes discípulos que a nossa se enraíza.
O que teve lugar entre a Sexta-Feira Santa e a manhã de Páscoa é o mistério de Deus, ao qual nos referimos dizendo: "Ressuscitou dos mortos", ou então, "Deus ressuscitou-O".
Os homens e mulheres a quem apareceu Jesus ressuscitado, conheceram-n'O durante a sua vida terrena. Agora reconhecem-n'O: sim, é Ele, contudo, bem diferente. Assustam-se quando Jesus entra através das portas fechadas. Enchem-se de alegria quando Jesus lhes fala. Confia-lhes a missão de ir por todo o mundo levar a Boa Nova aos homens, perdoar os seus pecados e fazer deles seus discípulos. E acrescenta: "Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo".
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Jesus, nosso irmão, nós
Vos bendizemos. Deus, Espírito Santo, |
6.2 Nós viveremos
A ressurreição de Jesus Cristo é o centro e o coração da nossa fé. A celebração da Vigília Pascal é a solenidade mais sagrada do ano litúrgico. E cada Domingo é memorial e louvor de Deus que ressuscitou o seu Filho dos mortos. Numa das comunidades da Igreja primitiva, havia pessoas que duvidavam da ressurreição do Senhor. É a elas que São Paulo se dirige por carta nestes termos: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã também a vossa fé... Permaneceis ainda nos vossos pecados... Deste modo, os que morreram em Cristo também pereceram. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens" (1Cor 15,14-19).
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SALMO 16,10-11 |
Vigília
Pascal: A celebração da noite de Páscoa consta de quatro partes:
Liturgia da Luz ou Lucernário, durante a qual se benze o fogo novo e se acende
o círio pascal. O sacerdote, em solene procissão, introduz o círio na igreja
que deve estar às escuras: Luz de Cristo!
Liturgia da Palavra: nela têm lugar sete leituras do Antigo Testamento e duas
do Novo Testamento, textos que nos lembram a longa história de Deus com os
homens.
Liturgia batismal: a água do Batismo é benzida. Adultos e crianças recebem o
Batismo; todos renovam as promessas batismais.
Liturgia eucarística: nela damos graças Àquele que está conosco até ao fim
dos tempos.
7. Subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso
Os discípulos de Jesus viveram a experiência da Sexta-Feira Santa: Jesus, indefeso e abandonado, pendia da cruz. A sua vida extinguiu-se na morte. Depositaram seu corpo num túmulo e fecharam a entrada com uma grande pedra: sinal de que, no fim, a morte tem poder sobre a vida. No encontro com o Senhor ressuscitado, vivem a experiência que acaba com tudo o que julgavam saber sobre a vida e a morte. Jesus vem ao seu encontro. Eles reconhecem-n'O - sim, é Ele, o Crucificado. É-lhes familiar e, ao mesmo tempo, estranho. Entra, mesmo com as portas fechadas. Está presente e desaparece. Não podemos deter-l'O. Entre o medo e a dúvida, os discípulos começam a pensar e a acreditar no que está para além da morte: Deus ressuscitou o seu Filho dos mortos e recebeu-O na glória com a sua condição humana. Os discípulos afirmam: Jesus subiu ao céu e Deus deu-Lhe o lugar de honra, à sua direita.
7.1 Deus exaltou-O acima de todos
Jesus fracassou entre os homens. "Os seus não O receberam." (Jo 1,11). Mas Deus ressuscitou-O e acolheu-O. Dá a seu Filho o lugar de honra à sua direita, constituindo-O deste modo Senhor de toda a criação.
A expressão "sentado à direita do Pai" tem um significado especial, para os cristãos de então que, tal como Jesus, procedem do judaísmo: Deus, o Senhor e Rei, escolheu Israel como seu povo. Os reis que governam em Jerusalém são considerados representantes de Deus. Não governam a título pessoal, mas em nome de Deus. Enquanto não esquecerem isto, Deus estará com eles.
Sabemos por um salmo o que era dito ao rei no dia da sua entronização: "Senta-te à minha direita, até que eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés" (SI 110,1).
Muitos homens piedosos, quando rezam este salmo, pensam no Salvador prometido, o Messias.
Numa das primeiras profissões de fé, os cristãos proclamam: "Ele é o Senhor, maior e mais poderoso que todos os senhores do mundo". Esta confissão é uma afirmação essencial da nossa fé.
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EPÍSTOLA AOS FILIPENSES 2,9-11 |
7.2 Subiu ao céu
Quando os primeiros cristãos confessam que o seu Senhor "subiu ao céu", referem-se ao Antigo Testamento. No livro dos Gênesis fala-se do patriarca Henoc, que andou com Deus e, depois, foi por Ele elevado ao céu (Gn 5,24). Acreditamos também que o grande profeta Elias foi arrebatado ao céu num carro de fogo no meio de um turbilhão (2Rs 2,11). Eliseu, seu discípulo, fica só e compreende que lhe é pedido continuar a obra de Elias.
São Lucas descreve, no fim do seu Evangelho, como Jesus Se despede dos seus discípulos: Vai com eles a Betânia, ergue as mãos e abençoa-os enquanto eles se prostram diante d'Ele. E é nesta atitude de benção que Ele Se eleva ao céu (Lc 24,50-52). No início do seu segundo livro, os Atos dos Apóstolos, narra de novo a ascensão de Jesus a fim de mostrar claramente como a história terrena de Jesus desemboca na história da Igreja: durante quarenta dias - um período de tempo sagrado - o Senhor ressuscitado aparece aos seus discípulos e fala com eles do Reino de Deus. Depois eleva-Se a seus olhos e uma nuvem - o próprio Deus - O oculta. Atônitos e fascinados, os apóstolos fixam os olhos no céu. É então que dois mensageiros divinos perguntam: "Porque estais aí parados a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi tirado e levado para o céu, virá do mesmo modo como O vistes partir para o céu" (Act 1,9-11).
Os apóstolos compreendem que lhes cabe agora a eles, mandatados por Jesus, proclamar o Evangelho, curar os doentes, perdoar os pecados, exorcizar os espíritos malignos, despertar a esperança.
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SANTA TERESA DE JESUS |
Subiu ao céu (Ascensão): Não se trata duma mudança de lugar no domínio do nosso mundo, mas da entrada do homem Jesus de Nazaré no domínio celeste, donde há de vir.
Atos dos Apóstolos: O segundo livro do evangelista São Lucas relata as obras dos apóstolos que preenchem a missão do Ressuscitado. Eles anunciam-n'O como o Messias, o Crucificado, o Ressuscitado. Fundam as comunidades, obtêm êxito, são perseguidos. A primeira parte (cap. 1-12) fala sobretudo de Pedro, o primeiro dos apóstolos, e de João. Atuam sobretudo na comunidade cristã de Jerusalém. A segunda parte (cap. 13-28) é consagrada a Paulo de Tarso, o evangelizador dos gentios (três viagens missionárias). É ele quem traz o Evangelho à Europa. O livro dos Atos dos Apóstolos termina com a pregação de São Paulo em Roma. Segundo o testemunho da tradição, ele e São Pedro sofreram o martírio em Roma. Desde modo, Roma a cidade dos apóstolos, passou a ser o centro da Igreja.
Quarenta dias: Um número sagrado. Durante os quarenta anos de peregrinação pelo deserto, o povo de Israel aprende a confiar em Deus. Depois de ser batizado por João Baptista, Jesus jejua durante quarenta dias no deserto. Depois, seguro da sua missão, começa a sua vida pública. - A Igreja atém-se ao testemunho de São Lucas: celebra a "Ascensão" quarenta dias depois da Páscoa.
7.3 A partida e a nova comunidade
É pela fé que nós compreendemos o que São Lucas - que era um fiel da sua e nossa Igreja - atesta como Evangelho de Jesus Cristo: Jesus fez-Se homem a fim de nos libertar de tudo o que nos separa de Deus. Foi por nós, homens, que Ele viveu e morreu. Deus ressuscitou-O e colocou-O à sua direita. Isto significa que Jesus deixou de estar visível e palpável junto dos seus.
Já não podem vê-l'O diretamente nem toca-l'O nem interroga-l'O como quando estava entre eles. A separação significa também despedida. São João transmite-nos no seu Evangelho "discursos de despedida": são palavras do Senhor que parte, nas quais os discípulos encontram respostas e consolação.
A Igreja de Cristo continua à espera da segunda vinda do seu Senhor. Pela fé temos a certeza de que Ele nos prepara uma morada e uma pátria junto do Pai. Jesus quer que estejamos com Ele. Por isso o céu, para onde "erguemos os olhos", já não é só o "lugar" de Deus e de Jesus Cristo, mas também o símbolo do nosso refúgio.
Enquanto vivermos no mundo dos homens, não podemos falar do mundo de Deus senão por imagens. Só quando tivermos percorrido o caminho de Jesus passando pela morte e pelo túmulo - é que se nos abrirão os olhos, na nossa própria manhã de Páscoa. Então nós veremos a Ele, Nosso Senhor.
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EXTRATO DO PREFÁCIO |
8. De onde há de vir a julgar os vivos e os mortos
Jesus está junto do Pai. Os homens e as mulheres que põem n'Ele a sua confiança permanecem no meio da fragilidade da vida e da imperfeição do mundo. No entanto, a luz que Jesus veio acender no mundo não está apagada. A esperança que as suas palavras e ações suscitaram no coração dos homens, não está morta.
8.1 Jesus voltará
Os primeiros discípulos crêem que o Senhor voltará brevemente. Já não como um homem entre os homens - de quem não se pode duvidar nem rejeitar - mas, desta vez, com o poder e a glória de Deus. Isto significa que nunca mais ninguém poderá duvidar da sua autoridade nem contestar os seus plenos poderes. Todos reconhecerão n'Ele o Enviado de Deus, o Messias, o Salvador, o Juiz que, com plena autoridade de Deus, pronuncia a sentença final sobre os homens, e leva a criação à sua plenitude: o Reino e o Reinado de Deus tornam-se realidade.
Os primeiros cristãos não tardaram em dar conta de que a sua impaciência os levava a um impasse. Compreendem que o tempo de Deus não é à medida do tempo do homem. E que é sempre válida a palavra de Jesus que anuncia o seu retorno: "Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu nem o Filho, mas unicamente o Pai" (Mc 13,32).
Compreendem também que, com a "ascensão" de Jesus, começou uma nova era: a sua e nossa era, a da Igreja. Por isso, eles não podem continuar na "montanha" a olhar para o Senhor que sobe ao céu. A sua missão são os homens, em qualquer lugar onde se encontrem, seja qual for o seu modo de vida. A sua missão é a terra - até aos seus confins. São responsáveis pela luz: para que ela não se extinga; responsáveis pela esperança: para que, enraizada em Jesus Cristo, não morra. Que todos tenham o mesmo direito a aderir, pela fé, a Jesus Cristo. Só a Deus pertence decidir quando acabará, com a segunda vinda de seu Filho, a terra que Ele criou no princípio.
Enquanto dura o tempo, a expectativa pode deter-se. Os crentes podem sentir-se inseguros e duvidar: Cumprirá Deus a sua palavra? Voltará o Senhor? Vale a pena esperar? Podem extraviar-se nos seus afazeres temporais, esquecer que este mundo não é o definitivo e as grandes coisas que os esperam. É a eles que se dirigem as exortações dos apóstolos e dos evangelistas: Permanecei vigilantes pois não sabeis quando voltará o Senhor.
A Igreja de Jesus Cristo define-se como uma comunidade que espera o regresso do seu Senhor e Lhe prepara o caminho. Todos os anos celebra o Advento: uma assembléia preparada a ir ao encontro d'Aquele que vem - e a deixa-l'O vir.
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A segunda vinda do Senhor: Desde o princípio houve e continua a haver grupos particulares (seitas) que pretendem calcular o fim do mundo e o momento da segunda vinda do Senhor. Encontram nos acontecimentos do seu tempo sinais que - segundo eles - anunciam o "fim do mundo". Exigem de todos os que querem ser salvos, uma fé e uma obediência cegas. Algumas destas seitas causam muitas confusões. Mas todos estes movimentos estão destinados ao fracasso, pois os planos de Deus não estão sujeitos aos cálculos dos homens. Deus, no seu devido tempo, dará cumprimento e concederá a plenitude a quem, com confiança, permaneça atento e espere.
8.2 Ele julgará os vivos e os mortos
No seu discurso em casa de Cornélio, o centurião romano, São Pedro declara: "Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Deus O constituiu Juiz dos vivos e dos mortos. Sobre Ele os profetas dão o seguinte testemunho: todo aquele que acredita em Jesus recebe, em Seu nome, o perdão dos pecados" (At 10,42-43).
As palavras sobre o julgamento inspiram-nos medo: somos apenas homens. E qual é o homem que pode subsistir diante de Deus?
As palavras sobre o Juiz infundem-nos coragem: porque conhecemos Jesus. Não temos por que teme-l'O. A sua mensagem é uma Boa Nova. Ele sabe como os homens se esforçam por fazer a vontade de Deus, respeitar os preceitos de Moisés, os "Dez Mandamentos" e todas as prescrições particulares que os mestres de Israel foram acrescentando ao longo dos séculos. Jesus diz: "Vinde a Mim todos os que estais afadigados e sobrecarregados e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave, e a minha carga leve" (Mt 11,28-30).
Numa outra ocasião, Jesus diz o que será tido em conta no Juízo Final: amar a Deus, viver para Lhe agradar e dar aos irmãos e irmãs o que necessitam: pão aos famintos, água aos que têm sede, um teto aos que não têm lar, roupa aos nus, visitar os doentes e os prisioneiros. Todos os que fizeram isto, fizeram-no por Jesus mesmo sem o saber. O Senhor dir-lhes-á então: Vinde, o Pai está à vossa espera! Ireis ver como os homens podem ser felizes. Ireis viver, com Ele, nessa comunhão a que chamamos céu.
Os outros, os que detestam Deus, não vivem no seu espírito, não dão aos irmãos e irmãs o que precisam: não socorrem os famintos, não dão água aos que têm sede, nem teto aos estrangeiros, nem roupa aos nus, nem visitam os doentes e os prisioneiros - foi a Jesus a quem recusaram todas estas coisas, mesmo sem o saber. Vão dar conta de como os homens podem ser infelizes. Eles próprios se excluíram da comunhão definitiva com Deus (cf. Mt 25).
Senhor, Tu virás no fim dos tempos. O fim do meu tempo é a morte. Senhor, vem ao meu encontro! Acolhe-me junto de Ti! Sê para mim um juiz clemente e faz do dia da minha morte o dia da minha ressurreição! Concede-me ser feliz junto de Ti, entre os que são benditos de teu Pai!
Céu: A vida em comunhão definitiva com Jesus. A felicidade de estar junto de Deus. O "inferno" é a exclusão definitiva da comunhão com Jesus, a desgraça e a miséria dos que se separaram de Deus. O "purgatório" significa que há pessoas que, no dia da sua morte, ainda não estão preparadas para um encontro com Deus e uma plena comunhão com Ele. Cremos que Deus é misericordioso e magnânimo no perdão. Rezamos pelos nossos mortos.
9. Creio no Espírito Santo
O Espírito Santo de Deus: não O podemos ver, reter nem mostrar. Não podemos dispor d'Ele. Mas podemos sentir a sua existência e a sua ação, por exemplo: quando um homem ou uma mulher fala de Deus, de tal modo que outros abraçam a fé; quando duas pessoas põem fim a uma discórdia e se reconciliam; quando alguém que agiu mal repara as suas faltas; quando uma pessoa amargurada pelo ódio começa a amar; quando alguém, que só pensava em si, abre os olhos para o sofrimento dos outros; quando uma pessoa sai em defesa das plantas e dos animais, da água e do ar - da vida posta em perigo pelo homem.
9.1 O Espírito que dá a vida
A Bíblia começa pelas origens. Então - antes de Deus ter pronunciado a sua primeira palavra - não havia mais do que desolação e vazio, águas impetuosas e trevas: a morte. Mas o Espírito de Deus paira sobre as águas: a vida.
Com estas imagens, os mestres de Israel afirmam que Deus está em tudo e sobre tudo o que vive, se desenvolve e cresce sobre a terra. O seu Espírito é a prova de que a criação nunca está desligada de Deus: não está abandonada ao acaso, à mercê da mente humana ou mesmo de espíritos maléficos.
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ATRIBUÍDO A SANTO
AGOSTINHO (354-430) |
O Espírito de Deus é invisível. Procede do Pai e do Filho como os raios quentes que emanam do sol. Ele é Deus: consubstancial ao Pai e ao Filho. A sua ação é perceptível através das ações dos homens a quem Ele Se dá. Os seus símbolos são: a água, o fogo, a tempestade, a nuvem, o sopro e o vento. Por vezes é comparado a uma pomba e representado dessa maneira. Para os homens dos tempos bíblicos - e mesmo para os de hoje - a pomba é imagem da paz e do amor que se tornou visível.
9.2 Ele falou pelas profetisas e pelos profetas
A Bíblia fala de homens e de mulheres a quem Deus dá o seu Espírito: os reis recebem-n'O pela unção do óleo sagrado. Graças a Ele, os eleitos podem realizar uma determinada missão. Atrevem-se, com coragem, a contradizer os reis, a acusar os falsos profetas e os sacerdotes infiéis, a denunciar a heresia e o pecado. O seu entusiasmo é contagioso, a sua convicção persuasiva. As pessoas que se relacionam com eles sentem que Deus atua neles, que o Espírito Santo fala através desses homens.
Por isso, os homens inspirados são credíveis e dignos de confiança. Israel tem um modo especial de falar do Espírito quando se trata do Messias, o rei de justiça saído da casa de David, que instaura sobre a terra a paz de Deus. Um dos profetas diz d'Ele: Deus dá-Lhe o espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento, de piedade e temor de Deus (Is 11,2). É a esta palavra profética que nós temos presente quando evocamos os "sete dons" do Espírito Santo.
Do servo que - enviado de Deus, rejeitado pelos homens - dá a sua vida pelo povo, Deus diz: "Eis o meu servo a quem Eu amparo, o meu eleito em quem a minha alma se alegra. Eu coloquei sobre Ele o meu espírito para que promova o direito entre as nações" (Is 42,1).
O Espírito de Deus não é um dom só para alguns eleitos. O Ressuscitado enviou aos apóstolos e a todos os seus discípulos o dom do Espírito Santo (Jo 20,22). No Juízo Final, quando a fraqueza e a maldade dos homens forem julgadas e restar apenas o amor e a bondade de Deus pelos homens, o Espírito será dado a todos: "Derramarei o meu espírito sobre os teus filhos e a minha benção sobre a tua descendência" (Is 44,3). Depois disto, "os vossos filhos e filhas tornar-se-ão profetas, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões. Nesses dias, até sobre os escravos e escravas, derramarei o meu espírito" (JI 3,12).
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Juízo Final: O dia de Deus. O último dia que Deus fixou ao velho mundo dos homens. Deus criará um novo céu e uma nova terra.
9.3 Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo
Jesus vive e atua na unidade com o Espírito Santo. Foi pela ação do Espírito Santo que Maria O concebeu. Por isso a celebramos com as palavras: "Ave Maria, cheia de graça". Movido pelo Espírito, João Baptista declara: "Quanto a mim, eu batizo-vos com água... mas Aquele que vem depois de mim... batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo" (Mt 3,11). Quando Jesus vai ao Jordão para Se fazer batizar por João Baptista, os céus abrem-se. E eis que uma voz vinda dos céus diz: "Tu és o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências." É pela força do Espírito Santo que Jesus resiste a Satanás, que quer tenta-l'O no deserto para O desviar da sua missão (Mc 1,11-13).
Jesus sabe porque é enviado. Em Nazaré, a sua cidade, vai à sinagoga, ao Sábado e lê uma passagem do profeta Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos, e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19). E todos compreendem o que Jesus quer dizer quando afirma: "Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,21).
Pela força do Espírito, Jesus expulsa os demônios e cura os doentes. Diz aos pobres e aos oprimidos que Deus os ama. Não tem medo dos doutores da lei nem dos poderosos.
Jesus observa como estes não se deixam convencer e dá conta de que a sua vida corre perigo. Então, prepara os seus discípulos para o tempo em que já não estará com eles. O evangelista São João conta como Jesus Se despede dos apóstolos. Encoraja-os e diz-lhes como poderão permanecer seus amigos. Promete-lhes um Consolador, um Paráclito. Alguém que reze por eles quando as palavras lhes faltarem. Alguém que lhes diga como defender-se quando forem acusados e perseguidos por sua causa. Promete-lhes o seu Espírito Santo.
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Satanás: Chamamos-lhe também, algumas vezes, "diabo" ou "inimigo": um anjo que, assim o cremos, se converteu em adversário de Deus. É o Mal por excelência, que tenta separar de Deus os homens para os conduzir ao pecado. Os crentes têm que escolher a quem querem servir: Deus ou Satanás. Jesus resistiu a Satanás: isto significa que este perdeu o seu poder. Quando Jesus voltar na sua glória, o diabo será definitivamente vencido.
10. A Santa Igreja Católica
A Igreja do nosso tempo é uma comunidade com dimensões mundiais. Comunica a fé aos que a ela se incorporam pelo Batismo e ensina-os a viver como cristãos. Cumpre assim a missão que lhe foi conferida por Jesus Cristo, até que Ele volte na sua glória.
10.1 No começo era o Espírito Santo
Os cristãos perguntam: quando, onde e como começou a igreja? A resposta é nos dada na "história da fundação" que São Lucas nos relata nos Atos dos Apóstolos:
Começou em Jerusalém, a cidade da morte e da ressurreição de Jesus. Os apóstolos e os discípulos de Jesus encontravam-se reunidos numa casa. Maria, a Mãe de Jesus, estava presente, assim como outras mulheres. Esperavam o Paráclito que Jesus tinha prometido e oravam juntos. E aconteceu que, cinqüenta dias depois, o sopro do Espírito de Deus desceu do céu sobre eles como um vendaval, encheu a casa e acendeu uma chama nos corações. Já não sentem medo dos que perseguiram e condenaram Jesus. Os discípulos ficaram repletos de entusiasmo. Não podiam ficar fechados por mais tempo, tinham de sair para anunciar a Boa Nova.
Diante da casa reunira-se uma multidão de gente vinda de todos os cantos do mundo, que tinha sentido o poderoso sopro do Espírito. Contagiados pelo entusiasmo dos apóstolos, ouviam o que estes testemunhavam acerca de Jesus, o Filho de Deus, e cada um ouvia a mensagem na sua própria língua.
As pessoas nas quais vive o Espírito de Jesus, compreendem-se umas às outras, mesmo que não falem a mesma língua. Não se sentem estranhas entre si, qualquer que seja a sua nação ou raça.
Nesse mesmo dia de Pentecostes, São Pedro, o primeiro dos apóstolos, pronuncia o discurso que inaugura a missão em favor de Cristo. A sua pregação foi tão convincente que todos os que o escutavam sentiram-se tocados no coração. Nesse dia - diz-nos São Lucas - vários milhares de pessoas abraçaram a fé, receberam o Batismo e entraram na comunidade de Jesus Cristo: irmãos e irmãs, a Igreja de Cristo.
Todos eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos e à fração do pão. Mantinham-se fiéis à comunhão fraterna e davam a cada um segundo a sua necessidade.
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Igreja: É assim que designamos as nossas casas de oração, a paróquia, a comunidade de todos os fiéis no seu conjunto. A Igreja é regida pelo Papa, sucessor do apóstolo São Pedro, e pelos bispos, sucessores dos Apóstolos. Originalmente, "Igreja" significa "aqueles que pertencem ao Senhor": nome das assembléias do povo convocadas por Deus.
Qüinquagésimo dia (Pentecostes): O dia em que a comunidade judaica celebra o memorial da aliança concluída por Deus com o seu povo no Monte Sinai. A Igreja celebra este dia como o Pentecostes, ou seja, a efusão do Espírito Santo sobre a Igreja primitiva de Jerusalém, por ocasião das festas judaicas, cinqüenta dias depois da Páscoa.
10.2 A Igreja: una, santa, católica e apostólica
O Espírito Santo não agiu somente no começo da Igreja. Continua a vivificá-la e a sua ação torna-se nela perceptível. Por isso a Igreja só pode ser "una": tem um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; forma um só corpo movido por um só Espírito, orientado para uma única esperança.
Não há dúvida de que, numa comunidade que agrupa indivíduos muito diferentes, se discuta e haja desavenças: alguns seguem um mestre, outros obedecem a outro (1Cor 3,4-8). Alguns consideram os usos e costumes judaicos como muito importantes, enquanto outros os acham secundários e estranhos (At 16,21). Uns são fiéis às prescrições de Jesus de modo radical, separando-se dos outros (2Cor 6,17). A diversidade de carismas e de modos de vida, constitui um enriquecimento para a comunidade - e para toda a Igreja - enquanto os cristãos não esquecem que há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo e um só Deus e Pai de todos (Ef 4,5-6).
Toda a Igreja sofre quando algumas pessoas ou grupos discutem sobre interpretações doutrinais e normas de vida, provocando divisões no seio da comunidade.
Resulta grave que algumas pessoas ou grupos se separem da comunidade para se proclamarem "Igreja" à sua maneira. E não é menos grave quando a Igreja tem de excluir da sua comunidade um mestre ou um grupo, por causa das suas heresias.
Por amor à unidade e a Jesus, a Igreja não deve deixar jamais de procurar a reconciliação, nem de implorar o perdão das suas próprias faltas e dos outros. Se assim não fosse, Jesus teria rezado em vão: "Peço-Te, Pai, que todos sejam um" (Jo 17,21).
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DIDAQUÊ 10,5-6 |
• A Igreja, una, é santa
Santa, mas não por si mesma, pois só Deus é Santo. Ele ama a Igreja, a comunidade de homens e mulheres que confessam o seu Filho Jesus Cristo como Senhor, que transmitem a Boa Nova e dão testemunho dela com a própria vida.
Nem sempre conseguem isto. É por esta razão que a Igreja de Jesus Cristo é também uma Igreja de pecadores: comunidade de homens que se extraviam no caminho, que atraiçoam o amor, que quebram a aliança, que permitem o mal e até o fazem. Homens que necessitam de perdão e de misericórdia para serem, por sua vez, misericordiosos com os outros. Deus santifica a Igreja apesar das limitações humanas e deficiências dos seus dirigentes e fiéis. Por isso a Igreja é e continua a ser para o mundo o sinal visível da santidade de Deus. Porque Deus a santifica, ela consegue resistir aos poderes do mundo. Sim, nem sequer as Portas do Inferno poderão vencê-la.
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EXTRACTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA
III |
Santo:
Deus não é como os homens. Ele é inteiramente Outro: transcendente,
todo-poderoso, onisciente, onipresente. Ele é mais do que aquilo que podemos
dizer, pensar e representar. Esta alteridade de Deus, o mistério do seu ser, é
o que podemos dizer quando afirmamos: Ele é Santo. A Igreja canoniza (proclama
santos) certas pessoas - homens e mulheres - pelo testemunho que eles deram de
Cristo. Os santos - e em primeiro lugar a Virgem Santa - são nossos modelos e
intercessores junto de Deus.
"A Igreja é santa: é seu autor o Deus santíssimo; Cristo, seu Esposo,
por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a o Espírito de santidade.
Embora conte no seu seio pecadores, ela é "a sem-pecado feita de
pecadores". Nos santos brilha a sua santidade; em Maria ela é já toda
santa" (Catecismo da Igreja Católica 867).
• A Igreja, una, é católica
O Deus único é o Deus de todos os homens. Olha para eles com benevolência e deseja conduzi-los, onde quer que se encontrem e em todos os tempos, à salvação, de que Ele mesmo é o centro.
A Igreja de Jesus Cristo é a depositária da herança do Senhor e anuncia Cristo como a esperança de todos os homens. Ela é sinal e penhor do seu amor redentor. Não só para aqueles que são batizados no seio da Igreja católica romana, mas para todos os que vivem reconciliados com Deus. Também as pessoas que servem a Deus noutras confissões cristãs e noutras religiões e até as pessoas que não sabem nada de Deus, participam do amor de Deus e da esperança, da qual Jesus Cristo é o garante. Todas estas pessoas estão de certo modo relacionadas com a Igreja una. Por isso a Igreja está - em virtude da sua própria natureza - aberta a todos: Católica (= universal).
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MADRE TERESA E IRMÃO
ROGER SCHUTZ |
Católica significa: "A Igreja anuncia a totalidade da fé; guarda e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos, dirige-se a todos os homens; abrange todos os tempos; "é, por sua própria natureza, missionária" (Ad Gentes 2; Catecismo da igreja Católica 868). "A Igreja vê-se ainda unida por muitos títulos, com os batizados que têm o nome de cristãos, embora não professem integralmente a fé ou não guardem a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro" (Lumen Gentium 15). "Aqueles que crêem em Cristo e receberam validamente o Batismo encontram-se numa certa comunhão, embora imperfeita, com a Igreja Católica" (Unitatis Redintegratio 3). Quanto às Igrejas Ortodoxas esta comunhão é tão profunda "que bem pouco lhes falta para que ela atinja a plenitude, autorizando uma celebração comum da Eucaristia do Senhor" (Paulo VI, discurso de 14 de Dezembro de 1975 - Catecismo da Igreja Católica 838).
• A Igreja, una, santa, católica, é apostólica
Desde o início do seu ministério público, Jesus chama e reúne discípulos para que O acompanhem, escutem o que diz e vejam o que faz. Dentre eles, escolhe doze homens para que sejam suas testemunhas, desde o Batismo no Jordão até à sua ressurreição. Envia os Doze, os apóstolos, para que possam ir, em seu nome, aonde Ele não vai pessoalmente, anunciem a Boa Nova e curem os enfermos.
O Ressuscitado confiou a São Pedro, o primeiro entre os apóstolos, uma responsabilidade especial na Igreja. Os doze apóstolos são o fundamento da Igreja. Proclamam o Evangelho. Conservam os ensinamentos de Jesus e, com o auxílio do Espírito Santo, defendem a verdade plena e não falsificada.
Os apóstolos transmitem a sua missão e o seu mandato a outros. A sucessão dos bispos de Roma remonta, sem interrupção, a São Pedro. Em comunhão com os bispos, sucessores dos apóstolos, o Papa, como sucessor de São Pedro, guia a Igreja no seu caminho através do tempo.
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EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS 4,
1-6 |
Apóstolo, apostólico: O apóstolo é "o enviado" e fala com a autoridade de quem o envia. O número de doze apóstolos corresponde às doze tribos de Israel e indica que Jesus congrega o novo povo de Deus, o definitivo. A Igreja é apostólica porque os seus bispos descendem em linha direta dos apóstolos.
10.3 Hierarquia e ministérios
O Ressuscitado envia doze homens, seus apóstolos, a todas as nações da terra. Poderá ter êxito esta missão? Os apóstolos começam em Jerusalém. Anunciam, batizam, celebram a Eucaristia em memória do seu Senhor. Mesmo quando são perseguidos e impedidos de falar, não se deixam intimidar. Desde Jerusalém, espalham-se por aldeias e vilas. Colocam à frente das comunidades homens experimentados impondo-lhes as mãos, e enviam missionários e pregadores itinerantes.
Conhecemos melhor São Paulo, a quem o Senhor ressuscitado institui apóstolo dos pagãos. São Paulo vai de cidade em cidade, de país em país e finalmente chega - como prisioneiro - a Roma. Em toda a parte, funda comunidades e nomeia como dirigentes homens de piedade provada. É a eles e às suas comunidades que São Paulo envia as suas epístolas. Estas cartas informam-nos sobre questões importantes para as comunidades nascentes e as dificuldades com as quais são confrontadas. Quando surge um problema que São Paulo não pode resolver por si próprio, dirige-se a Jerusalém. E aí que se reúnem os apóstolos. Confiando plenamente no Espírito Santo, deliberam sobre o que têm a fazer e decidem o que se há de aplicar na Igreja de Jesus Cristo.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO
MARCOS 10,42-43 |
A Igreja cresce e o tempo passa. Os homens e mulheres que acompanharam Jesus a Jerusalém, vão desaparecendo. Para que nada se perca da tradição sagrada nem se falsifique a sua transmissão, começa a pôr-se por escrito o que a tradição diz acerca de Jesus. Acreditamos que o Espírito Santo presidiu a esta redação e que os que escreveram os textos sagrados, são testemunhas autênticas e fiéis.
A Igreja vê nascer no seu seio uma hierarquia e ministérios bem definidos; o primeiro e supremo mestre da Igreja é o bispo de Roma: o Papa. Os bispos, sucessores dos apóstolos, velam nas Igrejas locais para que a fé se conserve intacta. Ordenam sacerdotes para que dirijam as comunidades paroquiais. Os sacerdotes presidem à oração e atuam como intercessores, anunciam o Evangelho às suas respectivas comunidades, administram os sacramentos e celebram a Eucaristia. Prestam assistência aos que lhes são confiados e acompanham-nos no seu caminho para Deus.
"No grau inferior da hierarquia estão os diáconos, aos quais foram impostas as mãos, 'não em vista do sacerdócio, mas do serviço'" (Lumen Gentium 29)... "Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimonio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade" (Catecismo da Igreja Católica 1569-1570).
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Creio no Espírito Santo, Creio no Espírito Santo, |
10.4 A vida consagrada a Deus
O homem foi criado para a mulher e a mulher para o homem. Contudo, sempre houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que vivem voluntariamente o celibato. Deu confiou ao homem a terra para que desenvolva nela as suas capacidades, assegure a sua subsistência e se alegre com o fruto do seu trabalho. Mas sempre houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que vivem voluntariamente pobres e carentes de bens. Deus deu ao homem liberdade e imaginação. O desejo de procurar na vida o seu próprio caminho e percorrê-lo. Mas sempre houve e continua a haver, na Igreja, homens e mulheres que prometem voluntariamente obedecer a um superior ou a uma superiora. Fazem isso porque a palavra de Jesus dirigida aos pescadores do lago de Tiberíades: "Vem, e segue-Me", é para eles mais importante que tudo o demais. São homens e mulheres que descobrem a sua felicidade - e se encontram a si mesmos - na ausência de bens e de família, e na obediência a outra pessoa.
Muitos homens e mulheres vivem segundo estas regras. Querem estar disponíveis para Deus, sinal de que Ele está presente no mundo dos homens. Esses homens e mulheres, que se sabem chamados por Deus, agrupam-se em comunidades de vida e serviço. Ao longo da história da Igreja, apareceram - e continuam ainda a aparecer - esses institutos religiosos, quase sempre para responder a uma necessidade do seu tempo: para uns o mais importante são os ofícios divinos e a adoração; outros levam uma vida ritmada pela oração e o trabalho. Outros dedicam-se a ensinar e proclamam o Evangelho; outros ainda, ocupam-se dos pobres, das crianças que ninguém quer, dos doentes, deficientes e moribundos. Distinguimos entre institutos de vida "contemplativa" e institutos de vida "ativa". Nos nossos dias, há ainda comunidades chamadas institutos seculares, cujos membros não se distinguem, exteriormente, das pessoas entre as quais vivem.
As ordens e congregações
religiosas denominam-se, freqüentemente, segundo o nome do seu fundador: São
Bento, São Francisco, São Vicente de Paula. Outras, têm o nome referente à
sua missão: Filhas da Caridade, Missionárias da Caridade, Irmãos das Escolas
Cristãs. Cada instituto segue uma "Regra" que lhe dá uma orientação
própria. Mas todos têm em comum a obrigação da pobreza, da castidade e da
obediência: três preceitos que marcam uma vida de fidelidade a Jesus. São
chamados "conselhos evangélicos".
Viver segundo os conselhos evangélicos não é fácil. Quem se decide por eles
necessita de anos de provação e exercício antes de se comprometer por um
tempo (profissão de "votos temporários") ou para toda a vida
(profissão de "votos perpétuos").
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A paciência tudo alcança; |
11. A comunhão dos santos
Acreditar na "santa igreja católica" e na "comunhão dos santos" está intimamente ligado. A Igreja é a pátria daqueles que, por meio de Jesus Cristo, participam do que é santo: do sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, do perdão dos pecados, do amor de Deus pelos homens.
A Igreja comunica a fé; com o pleno poder de Jesus administra os sacramentos e funda assim a "comunhão dos santos".
11.1 Jesus funda a comunidade
Por vezes dizemos: "Uma pessoa sozinha não é nada" ou, referindo-nos à igreja: "Um cristão sozinho, não é nada". Só no interior duma comunidade o homem pode chegar a ser o que realmente é. Só em sociedade pode desenvolver os seus dons, pôr em ação o mais peculiar do seu ser e, deste modo, realizar-se a si mesmo. Sabemos que a comunidade é vital para nós - e no entanto, só com muitas dificuldades aprendemos a viver em sociedade.
Escutando a palavra de Jesus, aprendemos a natureza da comunidade que Ele funda.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
13,12-15 |
11.2 Aprendizagem da vida comunitária
Nas comunidades cristãs reúnem-se pessoas de todo o gênero e origem que, na vida quotidiana pouco têm em comum: judeus e pagãos, ricos e pobres, homens e mulheres, comerciantes e lavradores, mestres e artesãos, jovens e idosos, pessoas de êxito e fracassados, sãos e doentes, proprietários de terras e trabalhadores assalariados. Todos partilham o que para eles é importante: a fé em Jesus, a confiança na sua palavra, o lugar à mesa, a esperança na vida que Ele promete aos que O seguem. Quando rezam, fazem-no como Ele lhes ensinou: "Pai Nosso...". Chamam-se uns aos outros "irmãos" e "irmãs".
Esta atitude fraterna não é evidente num mundo que mede o prestígio dum homem ou duma mulher segundo o modo como se impõem aos outros. Os cristãos não recebem automaticamente esta capacidade com o Batismo. Cada pessoa, no seio da comunidade, pode cometer erros, pecar contra o próximo, falhar. Já as primeiras comunidades tiveram esta experiência. Podemos aprender delas como viver com os nossos erros e as nossas faltas.
A comunidade de Corinto, fundada por São Paulo, é um bom exemplo, pois conhecemos os seus problemas e também as exortações que São Paulo lhe dirigiu. Nessa comunidade, são cristãos, "santos", os que têm conflitos uns com os outros e que levam aos tribunais dos "injustos", ou seja, dos pagãos (1Cor 6,1-11). São Paulo incita-os com firmeza a fazer a paz e a reconciliar-se.
Outros hesitam comprar no mercado a carne destinada a ser imolada aos ídolos ou a comê-la quando são convidados. São Paulo reafirma-os na sua liberdade de cristãos. Mas, ao mesmo tempo, exorta-os a ter em consideração os "débeis" que há no seio da comunidade e a não lhes dar "ocasião de escândalo" (1Cor 8,1-13).
Há também discussões sobre qual dos diversos ministérios no seio da comunidade é o mais agradável a Deus (1Cor 12,12-31). São Paulo resolve este problema recorrendo a uma comparação que demonstra bem o que ele entende por "comunidade". Escreve: Sucede com a comunidade o mesmo que com o nosso corpo. Tem diferentes membros: olhos para ver, ouvidos para ouvir, mãos para agarrar, pés para andar. Nenhum membro pode ser substituído por outro na sua função. E quando um membro sofre, é todo o corpo que sofre. Pois o corpo é uma unidade. Acontece o mesmo com a comunidade. Cada um tem a sua função: Um como apóstolo, outro como profeta, o terceiro como médico. É a diversidade de ministérios que edifica a comunidade.
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11.3 Os santos em Jesus Cristo
"Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa..." (1 Pd 2,9).
Através destes títulos honoríficos, São Pedro exalta a sua comunidade de homens e de mulheres, que se reconhecem pecadores diante de Deus e dos seus semelhantes. Encoraja-os a converterem-se no que Deus quer que sejam.
O povo de Deus não é constituído só por pessoas que vivem contemporaneamente na Igreja visível. Dela fazem parte, também, os mortos que estão ainda a caminho para a comunhão plena com Deus, assim como numerosos bem-aventurados que contemplam Deus face a face.
A Igreja celebra anualmente a comunhão dos Santos na solenidade de Todos os Santos e na Comemoração dos fiéis defuntos (dias 1 e 2 de Novembro, respectivamente).
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12. A remissão dos pecados
Nós, os cristãos, confessamos a nossa fé no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos e na remissão dos pecados. Estas verdades estão intimamente ligadas entre si; cada uma delas faz referência às restantes e todas elas têm a ver com o encargo que o Senhor ressuscitado confiou aos seus apóstolos quando os enviou em missão: "Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Todo aquele que acreditar e for batizado, será salvo; aquele que não acreditar, será condenado" (Mc 16,15-16).
Aquele que sela a sua fé em Jesus Cristo pelo Batismo, está reconciliado com Deus pela morte de Jesus: os pecados são-lhe perdoados. Por isso o Batismo é o primeiro sacramento e o mais importante para o perdão dos pecados.
12.1 A missão do Senhor
O Senhor ressuscitado deu aos seus apóstolos uma missão e pleno poder para administrar o Batismo aos que crêem e incorporá-los assim na sua Igreja.
Na Igreja, o poder conferido por
Jesus aos apóstolos, tem sido transmitido até aos nossos dias: aos bispos e
aos sacerdotes. E é bom que assim seja. Porque somos humanos, cometemos falhas
e erros. São Paulo descreve isto admiravelmente na Carta aos Romanos: "Eu
sou humano e fraco, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo
entender nem mesmo o que faço; pois não faço aquilo que quero, mas aquilo que
mais detesto" (Rm 7,14-15). Nós, os batizados, estaríamos perdidos se não
pudéssemos recorrer constantemente ao perdão: no sacramento da Penitência,
Jesus concede a reconciliação e o perdão a quem se converte, se arrepende da
sua culpa e se confessa.
O cristão pode também obter o perdão dos pecados através de atos práticos de arrependimento, participando na celebração da Eucaristia, pela leitura da Sagrada Escritura, e pela misericórdia de Deus e das pessoas que nos amam.
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12.2 Eu não te condeno
O evangelista São João fala-nos dos escribas e fariseus que trouxeram uma mulher a Jesus, dizendo-Lhe: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante delito de adultério. Ora Moisés, na lei, mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes? Jesus ficou em silêncio. Como eles persistissem em interroga-l'O, disse-lhes: "Aquele de entre vós que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra". Os acusadores ouvem a resposta e compreendem-na.
Um após outro foram-se embora e Jesus ficou a sós com a mulher. Então perguntou-lhe: "Mulher, onde estão os outros? Ninguém te condenou?" Ela respondeu: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe Jesus: "Eu também não te condeno; vai e não voltes a pecar" (Jo 8,1-10).
A história do encontro de Jesus com a mulher adúltera é um exemplo. Jesus não evita os pecadores. Come com eles. Entre os seus apóstolos há um antigo publicano. E na sua hora suprema Jesus diz ao ladrão que está crucificado "à sua direita": "Em verdade, te digo, hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23,43).
Jesus não culpa ninguém pelas suas falhas. Alivia os que se sentem oprimidos pelo peso das suas faltas e levanta-os. Não procura que os culpados sejam condenados e punidos, mas que, absolvidos, vivam uma vida nova, não esquecendo que Deus os ama. Assim, poderão aceitar-se a si próprios porque Deus os aceita.
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12.3 Assim como nós perdoamos
Quando um homem comete uma falta que não pode reparar, facilmente está disposto a pedir perdão. Mas quando lhe é pedido a ele que perdoe ao seu próximo, dificilmente está disposto a renunciar aos seus "direitos". É a isso que Jesus Se refere na parábola seguinte:
Dois homens servem o mesmo senhor. Um deles deve-lhe tanto dinheiro que toda a sua vida não seria suficiente para pagar a dívida. Então este servo vai ter com o senhor suplicando-lhe misericórdia. E o senhor, compadecido, manda-o embora perdoando-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou-se com um dos seus companheiros que lhe deve uma pequena quantia. Agarrando-o pelo pescoço, aperta-o, dizendo: Paga o que me deves. De joelhos, o companheiro suplica-lhe compreensão. Ele, porém, manda-o para a prisão.
Quando o senhor tem conhecimento do que se passou, fica indignado. Convoca o servo impiedoso e manda-o, por sua vez, para a prisão, até que pague toda a dívida.
E Jesus acrescenta: "É assim que vos fará também o meu Pai celeste, se cada um não perdoar ao seu irmão de todo o coração (cf. Mt 18,23-35).
A parábola não é difícil de compreender. Pelo contrário, é bem mais difícil fazer o que Jesus pede.
Perdoar, não guardar rancor, não se aproveitar da sua superioridade, nem do seu poder sobre os devedores - são atitudes que exigem muito do homem. Vão contra as suas inclinações naturais.
São Pedro queria sabê-lo com exatidão. Pergunta a Jesus: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar ao irmão que me ofende? Sete vezes?" A oferta que São Pedro faz está longe de ser mesquinha. Mas quando ouve a resposta de Jesus, compreende que o perdão requer uma outra medida: "Setenta vezes sete", o que significa: sem conta, cada vez que um irmão necessitar de perdão (Mt 18,21-22).
Não é certamente por acaso que seja São Pedro a fazer a pergunta e obter a resposta. Uma resposta que compromete. Porque é a Pedro que Jesus confia as chaves do Reino dos Céus, para que tudo o que ele ligar ou desligar (perdoar ou não perdoar) sobre a terra, o seja também no céu, perante de Deus (Mt 16,19).
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO
MATEUS 6,14 |
13. A ressurreição dos mortos e a vida eterna
Há pessoas que morrem em idade avançada depois de uma vida bem preenchida. Mas há também crianças e jovens que morrem de doença, de fome e de frio, de acidentes ou catástrofes. Só Deus sabe quantos morrem devido à indiferença dos que os rodeiam, que não querem partilhar o pão, os medicamentos, as terras e a casa. Ou ainda por causa da violência dos poderosos que preferem fazer a guerra a manter a paz.
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13.1 Ele não é um Deus de mortos
Os livros da Bíblia estão cheios de histórias. As personagens falam dos seus projetos e objetivos. Da sua alegria quando a vida lhes sorri. Da sua tristeza e desilusão quando a desgraça os atinge. Do mal que elas fazem e do mal que suportam. E também da morte que põe termo a tudo quanto projetaram: porque existimos? Para que servem todos os esforços, se todos sabem que hão de morrer? Porque é que a uns se concede uma longa vida, enquanto outros morrem antes que a vida tenha realmente começado para eles? O homem é incapaz de encontrar uma resposta válida, para todas estas questões.
As pessoas cuja história nos é contada na Bíblia conhecem os seus limites. Mas experimentam também que, para além desses limites, é possível uma esperança. Sentem que estão abertos a Deus. N'Ele põem a sua esperança. E Deus é fiel para com eles. Em Jesus, mostrou-nos que é mais forte que a morte. Desde a Páscoa da sua ressurreição, Ele consola cada mulher e cada homem que chora junto da sepultura duma irmã ou dum irmão:
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO
11,25 |
13.2 Como ressuscitarão os mortos?
A nossa linguagem, as nossas palavras, referem-se a este mundo e à sua realidade. Para o mundo e realidade de Deus, as palavras faltam-nos. Os primeiros cristãos já dão conta disto, quando perguntam: como será a ressurreição dos mortos? Que acontece ao corpo que se decompõe na sepultura? Uma pessoa incapacitada, continuará a sê-lo depois de ressuscitar? Quando uma criança morre, tornar-se-á adulta no céu? O que acontece a todos os que morreram e morrem na esperança em Deus e na fé em Jesus Cristo? Onde se encontram eles enquanto esperam que passe a última noite deste tempo e que brilhe o dia de Deus sobre uma nova terra? Perante todas estas questões - e ainda outras - nós não temos melhor resposta do que aquela que São Paulo dirige aos Coríntios:
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PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS
2,9 |
13.3 Os cristãos e a morte
A morte inspira medo aos homens - mesmo àqueles que confiam em Deus. Porque a morte significa despedida e separação. Tudo o que fazia parte da vida de um homem - coisas e pessoas - ficam para trás. Cada um vive a sua própria morte, e de mãos vazias.
Nenhum moribundo deve envergonhar-se do seu medo. Também Jesus, na cruz, chamou o Pai. Todo o moribundo pode clamar com Jesus, quando se aproxima a sua hora. Com Jesus, todo o moribundo pode estar seguro que o Deus de misericórdia transformará todo o medo em júbilo e encherá as suas mãos vazias.
Cremos que, na morte, Deus vem ao nosso encontro. Abrem-se os olhos que a morte fechou. Encontramo-nos diante de Deus: cada um com a sua própria história, o seu amor e a sua culpa. Com tudo o que fez de bem e de mal: por amor de Deus e do próximo ou então em seu detrimento. Cremos que este encontro tem uma importância vital.
Os profetas de Israel e também Jesus falam desta experiência como dum julgamento. Os olhos de Deus penetram-nos até ao mais profundo. Nada podemos esconder-Lhe. Nesse julgamento é pronunciada a sentença: recompensa ou punição, salvação ou condenação, seio de Abraão ou lago de fogo, cânticos de louvor ou choro e ranger de dentes (Mt 8,12), a dança na sala do banquete ou o bater inútil às portas que permanecem fechadas. São imagens impressionantes. São ditas aos que estão a caminho, para que se convertam, mudem de vida, se afirmem no amor de Cristo: na fé, na esperança e na caridade.
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PREFÁCIO DA MISSA DOS
DEFUNTOS |
A morte marca o fim da vida terrestre, o começo da vida eterna: a alma separa-se do corpo em decomposição. Encontra Deus no juízo particular. No dia de Deus, quando Jesus voltar na sua glória, todos os mortos ressuscitarão, as suas almas unir-se-ão ao corpo "transfigurado".
Juízo: distinguimos entre juízo particular (= pessoal) e juízo final. O juízo particular está ligado à morte, e decide sobre a pertença eterna à comunidade dos eleitos ou da exclusão definitiva desta. A sentença é pronunciada segundo a medida em que cada um viveu a sua vida fazendo a vontade de Deus e acreditando em Jesus Cristo. Esta sentença é definitiva. O juízo final (o do mundo) está ligado ao dia de Deus, o dia em que Jesus virá de novo para instaurar o Reinado de Deus e o seu Reino. Nesse dia todos os mortos ressuscitarão.
Sentença: a sentença ajusta-se à decisão livre do homem durante a sua vida terrestre. Aquele que, deliberada e voluntariamente, se separou de Deus, não tem lugar entre os escolhidos: o seu lugar é entre os excluídos, no "inferno". Aqueles que confessam Deus e Jesus Cristo, mas não estão preparados e não são dignos de O encontrar no momento da sua morte, é-lhes concedido um tempo de purificação, de espera e de maturação que costumamos designar pela imagem do "purgatório". Esses esperam aí a sua entrada na plenitude da comunhão com Deus. A oração dos fiéis ajuda-os. Aos eleitos é dirigida a palavra de Cristo: "Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino que vos foi preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25,34). Eles vêem Deus tal como Ele é (1 Jn 3,2) e vivem eternamente em comunhão com Ele. Estão no "céu".
13.4 A vida eterna
Viver plenamente, viver para sempre, não num repouso eterno mas numa plenitude inconcebível, não temer nada nem ninguém, nem mesmo a sua própria fraqueza; ser a pessoa que Deus imaginou quando a chamou pelo seu nome. Viver com Deus, celebrar a festa da vida - quem poderá dizer exatamente o que isso será?
Os profetas de Israel e o vidente São João, o profeta cristão do fim dos tempos, fala-nos, em imagens, do que será esta nova vida para nós. Não fala do céu como um lugar indefinido que existe nalgum lugar acima das nuvens. O céu é onde está Deus, onde as pessoas vivem com Ele como seu povo. O mundo antigo, carregado de pecado e corrompido pelo homem, desapareceu. Uma nova terra, tal como Deus a quis desde o início, serve de pátria ao homem. Um mundo onde Deus está, sendo a sua luz e vida. Por isso esse mundo não necessita de sol nem de lua. E, na nova Jerusalém, já não há casas de pedra, nem templo onde encontrar Deus. Deus está lá, habitando entre os homens.
Uma nova terra, fértil, onde as fontes jorram no deserto, as árvores crescem e dão frutos doze vezes por ano. Um mundo onde nenhum ser vivo ameaça o outro: o lobo habita com o cordeiro; podem viver sem se agredir. A criança mete a mão na cova da víbora sem que ela a morda (Is 11,6-8).
Os homens descobrem o que significa uma humanidade feita de plenitude e de integridade: sem doença, sem solidão, sem luto, sem lágrimas, sem ódio, sem inimizade, sem opressão.
Os olhos dos cegos abrir-se-ão e os ouvidos dos surdos ouvirão. O coxo saltará como o cervo e a língua do mudo cantará canções de alegria (Is 35,5-6). As espadas e as lanças serão supérfluas; far-se-ão com elas arados e foices. Não se pensará mais na guerra. Todos poderão ficar sentados na sua vinha ou debaixo da sua figueira, porque ninguém os incomodará (Mq 4,3-4). O próprio Deus enxugará as lágrimas dos que choram. Sim, tudo o que era, passará.
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APOCALIPSE DE SÃO JOÃO
22,4 |
O Vidente São João escreveu o último livro do Novo Testamento: o "Apocalipse de São João", quer dizer a Revelação. Trata-se de segredos que Deus "revelou" a São João através de visões: o triunfo de Deus e a derrota das forças que Lhe são contrárias; a salvação eterna: a felicidade das pessoas que vivem para sempre com Deus.
14. Amem - Sim, assim seja
A profissão de fé apostólica (Credo) é um dos textos fundamentais da fé cristã. Nasceu nos primeiros séculos da Igreja, quando se quis conservar por escrito o essencial da fé dos cristãos.
Cada frase, cada enunciado, foram formulados de tal modo - muitas vezes depois de longos debates - que os cristãos podem encontrar neles a diferença entre a fé e a heresia.
O Credo ou Símbolo dos Apóstolos é válido para toda a Igreja. Quem é batizado na Igreja de Jesus Cristo, tem que aderir a ele. Durante a Vigília Pascal, a assembléia dos fiéis renova as promessas do seu Batismo.
Esta profissão de fé de toda a Igreja deve pronunciá-la e repeti-la cada um conjuntamente e para si mesmo. Não é em vão que ela começa pelas palavras "Eu creio" e termina por "Amem".
Quem diz "Amem" confirma a sua decisão. Amem - sim, assim seja, eu adiro, aceito. Este Evangelho é válido para mim. Agradeço ao Senhor por isto.
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PAPA JOÃO PAULO II |
Amem: o termo hebraico exprime a solidez, a fidelidade, a constância. Mas as palavras "fé", "verdade", "fidelidade", também se encontram intimamente relacionadas com ela. Quando cristãos e judeus terminam a sua oração por "Amem", trata-se da resposta pessoal de cada um: Sim, assim seja, aceito firmemente.
15. Viver em Cristo: os sacramentos
"Eu estou convosco para sempre até ao fim do mundo": assim prometeu o Ressuscitado aos seus discípulos. No dia de Pentecostes, apercebem-se do modo como Jesus cumpre a sua promessa. Entusiasmados, descem a rua e proclamam: Que todos o saibam! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu, é o Senhor, o Messias. Ressuscitou! Deus exaltou-O e deu-Lhe o lugar de honra à sua direita. E voltará na sua glória. Acreditai n'Ele e tende confiança no Evangelho que nós vos anunciamos.
Assim vai crescendo a comunidade dos fiéis em toda a parte onde o Evangelho é proclamado como Boa Nova. Constituem-se comunidades. Um novo povo de Deus: a Igreja de Jesus Cristo. Está unida ao seu Senhor como os membros ao corpo, como o ramo à videira. Ele age através dela e nela.
O Senhor destinou a sua Igreja para dar testemunho - através da sua presença em favor dos homens e do culto celebrado com eles - de que Deus é bom para com todos e quer oferecer-lhes a salvação. A Igreja, em si, é sinal do amor e da proximidade do Deus escondido. É o sacramento inaugural sobre o qual se fundam todos os sacramentos que ela oferece aos que proclamam e vivem a fé tal como a Igreja a transmite desde a época dos apóstolos.
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CONCÍLIO VATICANO II,
LUMEN GENTIUM 1 |
15.1 Sete sacramentos
A Igreja celebra - como legado sagrado do seu Senhor - sete sacramentos. Estes são ordenados à vida e à fé de cada pessoa. Neles e através deles, Jesus oferece-Se aos homens. Por este dom gratuito, o homem pode estar seguro da sua fé e da sua esperança, do seu ato de amar e ser amado.
Administrar os sacramentos não é unicamente falar da pertença a Deus e da redenção. Os sacramentos são disso sinais efetivos e transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa redenção.
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EVANGELHO SEGUNDO SÃO
JOÃO 1,16 |
Sacramentos: Sinais da salvação que Jesus instituiu na sua igreja. Penhor da sua existência na e com a Igreja. O Batismo é o fundamento da nossa entrada na Igreja de Jesus Cristo no começo da vida. Pela Confirmação, os jovens são fortalecidos e santificados pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a participação na vida do seu Senhor e faz deles uma comunidade. O sacramento da Penitência oferece ao pecador reconciliação e perdão. O doente recebe da unção esperança e consolação. No sacramento da Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e bispos, um serviço particular na Igreja. No sacramento do Matrimônio, os esposos prometem mutuamente amor e fidelidade; a comunidade que eles formam é imagem da comunhão dos crentes instituída por Deus. Os sacramentos são os sinais visíveis da realidade invisível da salvação. Porque são dom de Deus realizam o que significam.
Sacramentais: "A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e santificam as várias circunstâncias da vida" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 60). A Igreja institui os sacramentais para santificar certos ministérios, certas circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos objetos. Para isso pronuncia-se uma oração, freqüentemente acompanhada dum sinal particular (por exemplo: a imposição das mãos, o sinal da cruz, a aspersão de água benta. Dizemos "consagração" quando se trata de uma pessoa (por exemplo, a abadessa dum mosteiro) ou quando um objeto (altar, igreja, sino) é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Diz-se "benção" quando os homens (crianças, viajantes, peregrinos) ou coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à proteção de Deus.
15.2 O Batismo
A pregação de São Pedro em Jerusalém, no dia de Pentecostes, chega ao coração de muitos ouvintes. Perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Que devemos fazer?" E São Pedro responde: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo" (At 2,37-38). Mas a nova comunidade de Deus, a Igreja, não cresce apenas entre os judeus.
Nos Atos dos Apóstolos (8,26-40), São Lucas narra a história de Filipe, um dos sete diáconos. Inspirado por Deus, vai pela estrada que conduz a Gaza, encontra um homem importante vindo da Etiópia, que regressa a casa depois de ter ido rezar ao templo de Jerusalém. Nesse momento lê a profecia de Isaías. Filipe ouve o que este estrangeiro lê e pergunta-lhe: "Compreendes o que estás a ler? - "E como poderei eu compreender, diz ele, se ninguém mo explica?" Filipe explica-lhe, então, como a palavra do profeta se realiza em Jesus Cristo: Ele quis reconciliar os homens com Deus, mas foi rejeitado. Aceitou o sofrimento; não Se defendeu contra a morte na cruz. Foi morto como um cordeiro levado ao sacrifício. Mas Deus ressuscitou-O. Ele está vivo e nós somos testemunhas. Ele é o Salvador e Redentor. Aquele que acredita que Jesus é o Messias, o Senhor, e se faz batizar, torna-se um homem novo, um cristão.
Mais adiante chegam a um lugar onde havia uma fonte de água. O etíope pergunta: "Aqui há água. Que é que impede que eu seja batizado?" Descem os dois à água e Filipe batiza-o: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Este homem foi o primeiro cristão de África.
Qualquer pessoa pode receber o Batismo e pode administrá-lo - ainda que ela própria não esteja batizada -, desde que o faça com a intenção da Igreja. O Batismo é válido para sempre. Não é possível anulá-lo. Nenhum pecado suprime a aliança selada pelo Batismo.
As pessoas que se fazem batizarem idade adulta passam por uma fase de aprendizagem da fé. Incorporam-se na Igreja de forma orgânica. Quando os pais e padrinhos trazem uma criança junto à água do Batismo, querem transmitir-lhe não apenas a vida mas também a fé, e prometem conduzir e acompanhar essa criança no caminho da fé. Durante a Vigília Pascal, os fiéis - adultos e crianças -renovam as promessas batismais.
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Batismo:
Significa "mergulhar na água", elemento da vida.
Quando uma pessoa não batizada dá a sua vida por Jesus Cristo (martírio),
recebe o "batismo de sangue". Falamos também de "batismo de
desejo" quando os não batizados que praticam o bem, se comprometem pelo
próximo e deste modo - às vezes sem o saberem - seguem a Cristo.
Quanto às crianças que morrem sem Batismo, acreditamos que a misericórdia de
Deus as acolhe.
O Batismo administra-se do seguinte modo: o celebrante derrama água três vezes
sobre a cabeça do batizando enquanto diz: "Eu te batizo em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo".
15.3 A Confirmação
O sacramento da Confirmação é administrado nos nossos dias ainda um pouco como no tempo dos apóstolos. O bispo - ou o seu representante autorizado -estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom do Espírito Santo. Depois impõe a cada um as mãos, chama-o pelo seu nome e diz: "Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo." Ao mesmo tempo unge a fronte do confirmando com o santo crisma, marcando-o assim com o sinal do Espírito Santo, a fim de que se conheça a quem pertence, do mesmo modo como se conheciam os escravos com a marca do seu amo. Os confirmandos renovam as suas promessas batismais e recitam a profissão de fé da Igreja.
Na Igreja ocidental, a Confirmação é administrada aos jovens como "sacramento da maturidade cristã", dado que, ao serem batizados em crianças, foram os pais e padrinhos que pronunciaram a profissão de fé. Agora que começam a viver e a agir de forma independente, pronunciam eles próprios o seu "sim" à comunidade de fé que os integrou pelo Batismo.
Tal como o Batismo, a Confirmação imprime também à alma um caráter espiritual, um selo indelével; é por isso que não podemos receber este sacramento mais do que uma vez. O dom do Espírito Santo torna aquele que o recebe capaz de converter-se em "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14), de testemunhar Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus atos, de tal modo que todos pensem: é um cristão que fala e age como tal.
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Confirmação: "A Confirmação completa a graça batismal; ela é o sacramento que dá o Espírito Santo, para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras" (Catecismo da Igreja Católica 1316). Os adultos recebem a Confirmação juntamente com a Eucaristia. Quando o Batismo é administrado habitualmente às crianças, a Confirmação é administrada na adolescência, como sinal de capacidade de assumir as suas próprias decisões. Na Igreja oriental, a Confirmação tem lugar não muito após o Batismo, em ligação com .a comunhão.
15.4 A Eucaristia
O sacramento da Eucaristia é o centro e o coração de toda a liturgia da Igreja de Jesus Cristo. Pois é nela que se cumpre - dia após dia, em toda a terra - a missão confiada aos apóstolos por Jesus, na vigília da sua Paixão. Ele disse-lhes: "Fazei isto em memória de Mim". Por isso a nossa celebração está fundada no memorial da última Ceia de Jesus, tal como São Paulo relata no seu testemunho desta sagrada tradição.
PRIMEIRA
EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25
A Igreja - cada paróquia - celebra a Eucaristia como comunidade de louvor e de ação de graças, como comunidade que participa na Santa Ceia e também como comunidade chamada a comprometer-se como sacrifício de Jesus Cristo. Deste modo, faz mais do que conservar unicamente a memória do que Deus fez por nós por meio de Jesus Cristo. Nesta celebração o próprio Cristo está verdadeiramente presente. E nós participando na Eucaristia assumimos a nossa condição cristã.
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A Santa Missa consta de quatro partes:
1) Início da celebração, com a saudação mútua, a preparação penitencial, a litânia do Kyrie, o Glória e a oração de abertura.
2) Durante a liturgia da palavra são lidos três extratos da Bíblia: o primeiro, do Antigo Testamento ou dos Atos dos Apóstolos; o segundo, de uma das epístolas (cartas) apostólicas; o terceiro, dos Evangelhos. O celebrante, tendo recebido o mandato pela Igreja, explica a palavra de Deus a fim de que cada um compreenda como se pode ser cristão, hoje. Ao Domingo e nas celebrações solenes, reza-se o Credo (profissão de fé). Na oração universal, a assembléia apresenta a Deus as necessidades da Igreja e do mundo.
3) Na liturgia eucarística, a assembléia celebra a Ceia do Senhor. Reúne-se à volta do altar. O sacerdote, atuando em nome de Cristo, diz então a oração eucarística. Esta começa pelo prefácio (grande oração de ação de graças) e acaba pelo "Amem" dos fiéis. Em nome de Jesus Cristo e investido de pleno poder no seu ministério, o sacerdote diz e faz o que Jesus disse e fez. Assim, consagra os dons que levamos ao altar, pão e vinho, no Corpo e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo: este é o mistério da nossa fé.
Os fiéis recitam a Oração do Senhor (Pai Nosso) e recebem o pão consagrado: o Corpo de Cristo. A comunhão aumenta a nossa união com o Senhor exaltado. Desde agora, participamos no seu sacrifício: na cruz, Jesus realizou para nós a reconciliação e o perdão dos pecados. Ele mesmo Se oferece e estabelece assim, no seu Sangue, a Nova Aliança. Quem vive nesta Aliança é chamado a viver para Deus e para o seu próximo como o Senhor, a dar-se como Ele.
4) A celebração eucarística termina com a benção final e a despedida da assembléia.
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Tu és o Caminho que nós
escolhemos, É digno e justo dar-Te
graças, louvar-Te, São João Crisóstomo
(† 407) |
Eucaristia: significa "Ação de Graças". Designa-se assim o conjunto da celebração. Mas aplica-se, também, por oposição à liturgia da palavra - à segunda parte da Missa com a oração eucarística. Chamamos igualmente Eucaristia, ao pão consagrado que recebemos na Missa e que adoramos a todo o momento. Quando queremos dizer que o sacrifício de Jesus se torna presente na celebração eucarística, falamos de "Santo Sacrifício". O nome de "Santa Missa" está ligado ao fim da celebração, o envio (missio) dos fiéis, a fim de que todos testemunhem Jesus Cristo, na vida quotidiana, onde quer que vivam.
Liturgia da palavra: Nome da primeira parte da celebração eucarística, mas também de outros atos do culto divino, ao longo dos quais é lido e comentado um texto da Sagrada Escritura.
Consagração: As palavras de Jesus "Isto é o meu Corpo, isto é o meu Sangue", não são simples metáfora ou comparação. Acreditamos que ao longo da celebração eucarística, o pão e o vinho - as nossas ofertas - são transformadas em Corpo e Sangue de nosso Senhor, sem contudo perder o seu aspecto visível. Acreditamos que no sacramento da Eucaristia estão "verdadeiramente contidos, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, juntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo" (Concílio de Trento, 1545-1563). É a este mistério da fé que nós fazemos referência quando falamos de "consagração".
Sacrifício: "O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da Cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 47).
15.5 Penitência e Reconciliação
No início de cada celebração eucarística, dizemos todos juntos: "Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas em pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis, por mim a Deus, nosso Senhor."
Rezamos assim porque sabemos que somos humanos. Podemos fazer e pensar o mal. Podemos tornar- nos culpados diante de Deus, dos nossos irmãos, das criaturas que nos são confiadas. Rezamos assim, colocando a nossa confiança no Senhor Jesus Cristo, que diz de Si mesmo: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9,13). Ele começa o seu ministério público pelo mandamento: "Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mt 4,17). Aos que se escandalizam por Ele andar com pecadores, responde: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." (Lc 15,7).
Nestas parábolas, Jesus fala de Deus que ama os homens como um pai ou uma mãe ama o filho ou a filha. O seu amor não se cansa. Mantém-se mesmo quando as pessoas seguem outro caminho, desprezando as palavras e os mandamentos divinos.
Jesus fala do Pai. Exorta o povo - cada um em particular - a converter-se e a voltar ao Pai, que é lento na cólera e pronto para o perdão. Investido de pleno poder pelo Pai, Jesus oferece aos pecadores reconciliação e perdão: uma nova vida. A sua Igreja, comunidade de irmãos e irmãs de Jesus, é o lugar onde o filho pródigo e a filha perdida, experimentam - quando se arrependem - os braços estendidos do Pai e a Sua alegria de ter reencontrado um irmão ou um filho, uma irmã ou uma filha.
É nesta missão da Igreja que o evangelista São João pensa quando conta que Jesus está entre os apóstolos na tarde de Páscoa, sopra sobre eles o Espírito Santo, e dá-lhes o poder de perdoar os pecados. Também São Mateus pensa neste ministério de reconciliação quando testemunha o que Jesus promete a São Pedro, a pedra fundamental da sua Igreja: "O que ligares na terra ficará ligado nos céus, e o que desligares na terra ficará desligado nos céus" (Mt 16,19).
A remissão dos pecados, que proclamamos no Credo, é possível a cada um de nós, de modo concreto no sacramento da penitência. Cada batizado pode receber o sacramento da reconciliação por meio dum sacerdote que obteve da Igreja a autoridade para o fazer. Quem, depois do Batismo, cometeu uma falta grave, deve reconciliar-se com Deus e com a assembléia dos fiéis, antes de poder comungar. Exige-se do pecador que ele reconheça a sua falta tendo a firme resolução de mudar de vida; confesse a sua falta estando disposto a reparar, na medida do possível, a injustiça cometida, e a aceitar a penitência que lhe é imposta pelo confessor.
Em caso de necessidade grave, quando a confissão pessoal dos pecados não é possível, o sacerdote pode dar a um grupo, o perdão e a reconciliação: trata-se da "absolvição geral". Mas cada um está obrigado a fazer, posteriormente e logo que possível, a confissão individual das suas culpas.
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Arrependimento: Significa afastar-se do mal e dispor-se decididamente a um novo começo. Quando falamos do sacramento da Penitência, insistimos em que o pecador tem a firme vontade de reparar a sua culpa. Falamos de confissão quando se trata da confissão individual dos pecados; costumamos dizer também sacramento da Reconciliação.
Perdão: "A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua a ser o único meio ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja" (Catecismo da Igreja Católica 1497).
Pecado:
"Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. Já perceptível na
Escritura, a distinção entre pecado mortal e pecado venial, impôs-se na
tradição da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a" (Catecismo da
Igreja Católica 1854). "Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em
simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que tem por objeto uma
matéria grave, é cometido com plena consciência e de propósito deliberado' (Reconciliatio
et poenitentia 17)" (Catecismo da Igreja Católica 1857).
"Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se observa a
medida prescrita pela lei moral ou quando, em matéria grave, se desobedece à
lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento"
(Catecismo da Igreja Católica 1862).
15.6 A Unção dos doentes
Quando as pessoas adoecem, a sua vida muda. Com freqüência deixam de poder cuidar de si mesmas e dependem da ajuda de outros. Já não podem ir ao encontro dos outros, apenas podem esperar que outros venham ao seu encontro. Deixam de ser "rentáveis". Já não valem nada para a sociedade. Com freqüência caem no isolamento, perdem a coragem e a esperança.
Jesus não evitou os doentes. Fez-lhes ver que Deus os ama. Curou muitos deles. Porque a sua Igreja não é somente uma comunidade de fé mas também de vida, cada um deve poder sentir que tem nela um irmão, uma irmã: visitar os doentes é uma obra de misericórdia.
Ainda hoje, o sacramento é administrado da mesma maneira. O sacerdote reza pelo doente e com o doente. Unge-lhe a fronte e as mãos com o óleo sagrado.
Depois da unção, o doente recebe a santa comunhão, o "viático" (pão para o caminho).
Quem confia a sua vida a Jesus, quem vive com Jesus, pode ter a certeza de que não será afastado desta comunhão, mesmo em caso de doença ou de perigo de morte. Os fiéis podem apoiar-se no seu Senhor. Ele sabe o que é o sofrimento. Podem pedir-Lhe ajuda. Podem unir o seu próprio sofrimento ao de Jesus - pela vida do mundo.
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EPÍSTOLA AOS ROMANOS
14,7-8 |
O sacramento da Unção dos doentes pode ser administrado no hospital ou numa igreja, e várias pessoas podem recebê-lo ao mesmo tempo. Se a doença perdura ou piora, o doente pode receber o sacramento várias vezes.
15.7 O sacramento da Ordem
A Igreja de Jesus Cristo é uma comunidade de louvor e de ação de graças, de vida e de partilha. A comunidade dos que estão reconciliados com Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo. Toda a pessoa batizada e confirmada participa do sacerdócio de Jesus Cristo. Por isso falamos de "sacerdócio comum" dos crentes. Isto significa que cada um, segundo a sua própria vocação, participa na missão de Jesus Cristo. Cada cristão e cada cristã é testemunha de Jesus Cristo.
A Igreja, povo de Deus no mundo, vive entre as nações. Como comunidade de fiéis, tem necessidade de mensageiros, pessoas chamadas por vocação, que em nome de Cristo e com o seu amor, mantenham a unidade e velem pela fidelidade comum à fé.
O ministério eclesial sacramental tem três níveis: os bispos, os presbíteros e os diáconos. Todos participam no sacerdócio de Jesus Cristo: o seu ministério funda-se n'Ele; são representantes da Igreja.
São escolhidos dentre a comunidade dos santos e destinados a servir esta comunidade. Por isso, são ordenados para o seu ministério.
Quando há que resolver conflitos que afetam a Igreja no seu conjunto, o Papa convoca todos os bispos numa assembléia geral. Esta assembléia geral de todos os bispos - ao longo da história da Igreja foram 21 - designa-se por "concílio". As suas decisões são válidas em toda a Igreja. O último concílio teve lugar no Vaticano, de 1962 a 1965. Chama-se "Concílio Vaticano li".
Os três ministérios fundamentais da Igreja (o ministério do bispo, do presbítero e do diácono) têm uma longa história que remonta à época dos apóstolos. Jesus escolheu doze homens dentre todos os seus discípulos e destinou-os a serem testemunhas. Ele próprio os envia a proclamar o Evangelho, a realizar sinais que tornem visíveis a proximidade do Reino de Deus, a batizar e a reunir o novo povo de Deus dentre todas as nações da terra. Depois do Pentecostes, inspirados pelo Espírito Santo, ensinam primeiro em Jerusalém, depois nas proximidades e, por fim, em todos os países até aos confins da terra. Batizam todos os que abraçam a fé, impondo-lhes as mãos a fim de receberem o Espírito Santo e fundam comunidades. Constituem "Anciãos" à frente dessas comunidades, transmitindo-lhes o seu ministério pela oração e imposição das mãos. Deste modo estes homens ficam dedicados ao serviço de Deus.
Como surgissem conflitos na comunidade de Jerusalém por causa de um grupo, as viúvas de judeu-cristãos de língua grega, que se sentiam pouco atendidas, os apóstolos decidiram instituir auxiliares para esse serviço. São Lucas conta, no capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos, como os apóstolos escolheram sete diáconos aos quais impuseram as mãos.
Os homens a quem é confiado um ministério na Igreja são submetidos a critérios particulares. Não são a erudição nem a origem que contam. Só conta a fé em Deus, a ligação a Jesus Cristo e o amor pelos homens, em particular pelos pobres. Só aquele que faz sua a palavra de Jesus: "Aquele que quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro entre vós, que seja escravo de todos" (Mc 10,43-44), só esse pode converter-se no intermediário que torna sensível, de modo humano o amor de Deus.
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EXTRACTO DA ORAÇÃO
EUCARÍSTICA II |
Bispo: (em grego: epískopos = "vigilante"). Em união com o Papa, os bispos guardam e dirigem a Igreja e velam por que o Evangelho de Jesus Cristo seja proclamado na sua plenitude. O episcopado - tal como o presbiterado - é reservado a homens celibatários (=não casados).
Presbítero: (em grego: presbyteros = "ancião"). A Igreja católica e a igreja ortodoxa crêem que só a ordenação de homens corresponde à vontade de Cristo. Na Igreja latina, os padres são submetidos ao celibato. "Pela virtude do sacramento da Ordem... [os padres] são consagrados para pregar o Evangelho para serem os pastores dos fiéis e para celebrar o culto divino..." (Concílio Vaticano li, Lumen Gentium 28).
Diácono: (em grego: diákonos = "servidor"). Os diáconos podem ser homens casados. Não têm poder para celebrar a Eucaristia, nem para perdoar os pecados pelo sacramento da Penitência. Servem os pobres e são os auxiliares do bispo e do padre, nomeadamente na celebração dos divinos mistérios.
15.8 O Matrimônio
Cada criança nasce no seio duma família. O rosto do pai e da mãe representam o que a criança vê em primeiro lugar. No sorriso dos pais, a criança descobre os primeiros traços de humanidade. É pela mão dos pais que ela aprende a andar. Deles aprende a confiar no amor. Um ser humano que é privado desta experiência no início da sua vida, terá dificuldade em confiar nos outros, a acreditar que, no amor, é possível dar e receber.
É amando que o homem se torna plenamente o que ele é. Pois Deus - que é amor - criou-o à sua imagem: homem e mulher (Gn 1,27). Quando um homem e uma mulher se encontram, se amam, já não querem viver um sem o outro; então, prometem fidelidade para toda a vida. Ambos administram mutuamente o sacramento do Matrimônio. E porque não se trata somente do amor destas duas pessoas, mas também do amor de Deus, fazem esta promessa em público, diante do padre que representa a Igreja e das testemunhas. A sua união é selada por um dom mútuo entre ambos: tornam-se "um só corpo e uma só alma" encontrando assim a sua plenitude e a felicidade. Do seu amor pode nascer uma nova vida: o homem e a mulher tornam-se pai e mãe. A sua vida dilata-se. Cada criança é um dom de Deus, mas também uma responsabilidade. Por isso é bom que os esposos projetem a sua vida diante de Deus e da sua consciência.
O Matrimônio é uma aliança para toda a vida. Jesus disse: "O que Deus uniu não o separe o homem." (Mc 10,9). Para muitos esta palavra é dura, pois não há garantia de êxito numa relação: as pessoas podem enganar-se, o amor pode acabar perante a doença ou em situações de sofrimento. Pode acontecer que duas pessoas que se amavam, não se compreendam mais. Já não são capazes de dialogar entre si, tornam-se estranhas uma para a outra. Há casamentos que fracassam.
Mas os cristãos devem confiar que, mesmo neste caso, não os abandona o amor de Deus nem da Igreja de Cristo.
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O sacramento do Matrimônio: "A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, são essenciais ao Matrimônio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimônio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais excelente', o filho (Gaudium et Spes 50,1)" (Catecismo da Igreja Católica 1964).
MIQUEIAS
6,8
DEUTERONÓMIO
6,4-5
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MATEUS 12,50
EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 13,34
16.1 O que
é justo, o que é importante?
Toda a pessoa nasce
num mundo onde estão em vigor normas bem precisas. As crianças aprendem dos
pais e dos mestres - mas também da sua própria experiência - o que é bom e
o que é mau, o que é útil ou prejudicial. Aceitam os seus conselhos. Os
jovens já não podem nem querem aceitar os princípios formulados previamente
por outros. Têm questões próprias e necessitam respostas próprias.
O batizado não tem
menos questões do que as pessoas que o rodeiam, do que aqueles que nada sabem
sobre a Igreja e comunidades de fiéis. Também os cristãos questionam e
procuram. Também eles cometem erros e têm de se arrepender deles.
Aprendemos, com a vida, não apenas a ser homens, mas também a tornar-nos
cristãos.
Os cristãos têm
uma vantagem sobre os demais: Jesus Cristo não é só um modelo que viveu em
tempos passados. Ele é aqui e agora, um guia seguro em quem podemos confiar.
Não Se limita a ensinar só com palavras. Jesus Cristo encarnou, viveu e
amou, rezou e confiou. Teve a experiência da infidelidade dos seus amigos:
Judas, um dos doze apóstolos, traiu-O, e, quando Jesus foi condenado, os seus
companheiros deixaram-n'O só. Mas Ele permanece-lhes fiel, para lá da morte.
O Batismo une-nos a Cristo. Mas esta amizade diminui se cada um de nós não
cumpre, com a sua própria vida, o que para Jesus é justo e importante.
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EVANGELHO
SEGUNDO SÃO JOÃO 14,21 |
16.2 O
único mandamento
Nos livros do
Antigo Testamento, encontramos muitos mandamentos e preceitos. Neles se diz o
que é válido aos olhos de Deus e como podemos viver agradando-Lhe.
Os mestres e os
homens piedosos de Israel perguntam: Existirá um mandamento mais importante
do que todos os outros, capaz de os conter e no qual todos se baseiam? Podemos
dizer duma maneira simples como deve ser o homem e o que deve fazer para obter
a vida em Deus, a vida eterna? Os mestres judeus procuram nos livros e
encontram tais princípios. A questão é importante para todos. Por isso,
não é de estranhar que os mestres judeus queiram saber o que pensa Jesus, o
mestre de Nazaré. Jesus reuniu duas frases do Antigo Testamento num só
mandamento.
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EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MATEUS 22,37-40 |
O mandamento que
Jesus definiu como o fundamento de todos os outros é um programa de vida.
Jesus disse: Aquele que, por amor, se compromete contra o ódio e a
desconfiança, contra o medo e o desespero, esse é quem serve a Deus e assume
a condição humana e suas relações. Trata-se de um amor que abrange todos:
Deus, o próximo e nós mesmos.
Aquele que ama não
receia o Deus todo-poderoso e castigador. É capaz de confiar n'Ele e
permanecer-Lhe fiel, mesmo nas situações mais difíceis quando, tal como Jó,
não compreende os planos de Deus. Pode contar com o amor de Deus mesmo se se
extravia como o filho pródigo. O homem que ama a Deus com todo o seu
coração, com toda a sua alma e o seu pensamento, alcança a vida.
16.3 Eu sou
o Senhor, teu Deus
Os Anciãos de
Israel fazem as sua primeiras experiências de vida comunitária - e de vida
com Deus - no caminho que os conduz da escravidão do Egito à liberdade na
Terra Prometida.
Sabem que não
teriam conseguido empreender este caminho sozinhos. Por isso confessam a sua
fé em Deus, que disse de Si mesmo: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te
fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão" (Ex 20,2).
Deus caminha com o
seu povo. Vai à sua frente, mostra-lhe o caminho, protege-o e cuida das suas
necessidades. A fé dos antepassados de Israel cresce segundo as experiências
feitas: quando o caminho termina nas margens dum mar e todos se desencorajam,
Deus fá-los passar o mar sem molhar os pés. Quando sonham, no deserto, com
comidas suculentas ao ponto de preferirem o regresso à escravidão, Deus
dá-lhes pão e carne - o necessário para cada dia. Faz jorrar, para eles,
água fresca do rochedo. Procura a sua confiança. Eles conhecem Aquele que
lhes propõe a Aliança e lhes promete um futuro:
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ÊXODO
19,4-6 |
16.4 Viver
para amar a Deus
A lembrança que
Israel conserva da aliança de Deus com o seu povo no deserto no Monte Sinai,
é uma tradição santa. As condições desta aliança - os dez mandamentos -
escritos sobre duas tábuas de pedra, conservadas na arca da aliança,
comprometem Israel para sempre. Com efeito, o povo de Israel compreendeu bem
que os mandamentos que Deus lhes deu são fundados no amor. Ele quer que
sejamos semelhantes a Ele - a Ele que é amor.
O
primeiro mandamento:
Não adorarás outro Deus além de Mim.
Isto significa: nada nem ninguém será para ti mais importante que Deus. Não
confiarás em nada nem em ninguém mais do que n'Ele.
Esperarás tudo d'Ele.
Acreditarás n'Ele, esperarás n'Ele, ama-l'O-ás e servi-l'O-ás. Só a Ele
adorarás.
O
segundo mandamento:
Não pronunciarás o nome de Deus em vão.
Isto significa: respeitar o nome de Deus. Confessá-lo, dar testemunho dele.
Não blasfemar. Não invocar a Deus para reforçar a autenticidade dos seus
juramentos.
O
terceiro mandamento:
Recorda-te do sétimo dia para o santificar.
No sétimo dia da criação, Deus descansou e retomou alento (Ex 31,17).
No sétimo dia também o homem deve descansar: todos os homens - também os
subordinados e os estrangeiros - e mesmo os animais. O mandamento do sétimo
dia é particularmente importante para os judeus. Protegem o descanso
sabático com numerosas prescrições. Jesus disse-lhes: "O Sábado foi
feito para o homem e não o homem para o Sábado" (Mc 2,27). Os cristãos
festejam este sétimo dia ao Domingo - dia da ressurreição de Jesus. Um dos mandamentos
da Igreja obriga os crentes a
participar na celebração eucarística dominical e também nas grandes
solenidades anuais. O repouso sabático significa ainda: conceder a si mesmo
um descanso. Disponibilizar-se também para os outros. Usar o tempo livre de
modo razoável. Não idolatrar o trabalho nem o dinheiro.
O
quarto mandamento:
Honra teu pai e tua mãe.
Isto significa: Amar os pais, reconciliar-se com eles. Não esquecer que lhes
devemos a vida e a fé. Respeitar os seus conselhos, ainda que tenhamos
opinião diferente. Ser solidário com a sua família. Ajudar quando a ajuda
é necessária. Não deixar sós os pais idosos; deixá-los viver a sua
própria vida. Ser bom pai e boa mãe para os seus próprios filhos. Ajudar as
crianças órfãs e privadas de família.
O
quinto mandamento:
Não matarás.
Isto significa: combater a cólera e a inveja. Não se tornar inimigo do seu
próximo. Cuidar da sua própria saúde. Não cair dependente do álcool ou de
drogas. Comprometer-se pelo direito fundamental à vida de todas as pessoas -
mesmo dos embriões. Protestar quando este direito não é reconhecido.
Auxiliar os que estão ameaçados pela fome, por catástrofes, pela doença,
pela miséria. Protestar contra a guerra e comprometer-se com a paz.
Os
sexto e nono mandamentos:
Não cometerás adultério.
Não desejarás a mulher do teu próximo.
Isto significa: saber que o amor entre um homem e uma mulher se realiza numa
união que dura toda a vida. Não é possível amar "à
experiência". Exercitar-se na fidelidade, não se ligar
irrefletidamente. Agir mutuamente com ternura. Não dominar, submeter nem
abusar um do outro. Não seduzir ninguém nem se deixar seduzir. Aceitar-se
como rapaz ou rapariga, homem ou mulher. Assumir a sua sexualidade com
responsabilidade.
O
sétimo e décimo mandamentos:
Não roubarás.
Não desejarás os bens do teu próximo
Isto significa: reconhecer o direito à propriedade. Guardar-se da avidez, da
cobiça, da insatisfação e da inveja. Não roubar, não enganar, não
emprestar com usura, não ficar com o que encontramos, devolver o que nos foi
emprestado, não causar danos nos bens alheios. Não privar uma pessoa do seu
salário justo. Não se alegrar com a infelicidade dos outros. Partilhar,
ajudar os pobres. Não pôr a sua esperança nos bens materiais. Contribuir
para que todos possam viver juntos sem receios.
O
oitavo mandamento:
Não darás falsos testemunhos contra o teu próximo.
Isto significa: Procurar sempre a verdade. Ser digno de confiança nos seus
propósitos. Guardar-se da vaidade e do desejo de fazer-se valer. Não
distorcer a verdade. Não ferir a honra do seu irmão, não prejudicar a sua
reputação com calúnias. Guardar para si os segredos profissionais e as
confidências. Não inventar falsos testemunhos no tribunal. Dar testemunho
d'Aquele que é a verdade.
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EPÍSTOLA
AOS ROMANOS 13,8-10 |
Os cinco
mandamentos da Igreja: Por meio de cinco preceitos, a Igreja quer
ajudar os cristãos a permanecerem na comunidade:
1) "Ouvir missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e
festas de guarda".
Exige aos fiéis que participem na celebração eucarística, em que a
comunidade cristã se reúne, e se abstenham dos trabalhos e negócios que
impeçam o culto, a alegria e o devido repouso do espírito e o do corpo, no
dia em que se comemora a Ressurreição do Senhor, e nos principais dias de
festa em honra dos mistérios do Senhor, da Virgem Maria e dos Santos, que a
Igreja declara como sendo de preceito.
2) "Confessar-se ao menos uma vez em cada ano".
Recorda ao fiel a obrigação de confessar os pecados graves e de assegurar a
preparação para a Eucaristia, mediante a recepção do sacramento da
Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo.
3) "Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição".
Garante um mínimo na recepção do Corpo e Sangue do Senhor, em ligação com
as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristã.
4) "Guardar a abstinência e jejuar nos dias marcados pela Igreja".
Assegura os dias de ascese e de penitência que nos preparam para as festas
litúrgicas; o jejum e a abstinência contribuem para nos fazer adquirir o
domínio sobre os nossos instintos e a liberdade do coração.
5) "Contribuir para as despesas do culto e para a sustentação do clero,
segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja".
Aponta aos fiéis a obrigação de, conforme as suas possibilidades,
"prover às necessidades da Igreja, de forma que ela possa dispor do
necessário para o culto divino, para as obras apostólicas e de caridade e
para a honesta sustentação dos seus ministros" (cf. Catecismo da Igreja
Católica 2042-2043).
16.5 Escutar
e agir
Os mandamentos
divinos são igualmente válidos para todas as pessoas. Unem-nos a Deus,
protegem o direito do indivíduo e asseguram a paz na comunidade. Toda a
pessoa deve orientar-se por eles. Porque os mandamentos de Deus não são um
catálogo de regras e de leis impostas do exterior, aos homens, mas antes se
ajustam à sua natureza.
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DEUTERONÓMIO
30,11-14 |
Todas as pessoas
sabem, no fundo, o que devem fazer e o que não devem fazer; basta-lhes
escutar a voz do seu próprio coração, à qual chamamos consciência. A
consciência capacita-nos a todos - adultos e crianças - a distinguir entre o
que é bom e o que é mau. É por isso que podemos dizer: tenho a consciência
tranqüila, agi bem. Ou então: a minha consciência não está tranqüila,
agi mal. Pela sua consciência, o homem reconhece o que Deus espera dele.
Assim, todos estão obrigados a escutar a voz da sua consciência e a
segui-la. Quem abafar a voz da consciência, que nos informa sobre o que Deus
quer, não tomando a sério os seus mandamentos ou por medo se retrai antes de
adotar uma decisão, não compreendeu a Deus: Deus concede aos homens a
liberdade para que eles a utilizem.
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16.6 ...como
a ti mesmo
Muitos dizem:
Reconhecem-se os cristãos pelo modo como amam o próximo. É em relação ao
próximo que Jesus mede o amor dos seus. Ele disse: "Ama o teu
próximo", mas acrescenta: "Como a ti mesmo". Podemos
igualmente dizer: Conhecemos os cristãos porque eles amam os irmãos como a
si mesmos. Não se contentam em dar esmola ao pobre para se afastar em
seguida, conscientes de terem feito uma "boa ação" e de terem
assim "observado o mandamento". Não fazem diferença: o próximo
tem, a seus olhos, tanto valor como eles próprios. Fala-se mais
freqüentemente do amor ao próximo do que do amor a si mesmo, se bem que o
último seja, depois de Jesus, a condição e a medida do primeiro.
Amar-se a si mesmo
é, antes de mais, reconhecer que somos dignos de ser amados. Eu, com todas as
minhas qualidades e defeitos, com todos os meus sucessos e fracassos. Eu,
homem ou mulher entre muitos outros. Porque é verdade que: os meus pais
queriam um filho, Deus quis-me a mim. Com tudo o que faz a minha originalidade
e a minha unicidade. E porque Deus me ama tal como eu sou, que eu posso viver
com os outros sem sentir inveja e louvando a Deus.
Posso aceitar-me,
descobrir os meus talentos e as minhas capacidades, tentar ultrapassar as
minhas fraquezas. Posso alegrar-me quando outros me admiram, e também adotar
a atitude correta perante as repreensões: desenvolver a consciência do meu
próprio valor.
ECLESIÁSTICO
14,4-6
Aquele
que se encontrou a si próprio, pode abrir-se ao seu próximo, não necessita
ter medo de que o outro se possa aproveitar dele. Quem se conhece e se estima
a si mesmo, pode também conhecer e estimar os outros como seus próximos.
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SALMO
139,1-3 |
16.7 Fazer
o que o próximo necessita
O evangelista São
Lucas relata, de modo diferente de São Mateus (22,34-40), o diálogo entre
Jesus e um mestre judeu. Em São Lucas é o mestre judeu quem responde à
questão de Jesus sobre o duplo mandamento do amor. Jesus concorda:
"Respondeste bem. Faz isso e viverás" (Lc 10,28). Mas o doutor da
Lei não se sente satisfeito com a resposta. Quer saber tudo mais exatamente e
pergunta a Jesus: "E quem é o meu próximo? Então Jesus conta a
história do bom samaritano (Lc 10,30-37).
Certo homem descia
de Jerusalém para Jericó e caiu em poder dos salteadores. Estes, depois de o
despojar e maltratar, desapareceram deixando-o meio morto. Um sacerdote - um
homem que conhecia os mandamentos de Deus - descia pelo mesmo caminho, viu-o e
passou adiante. Do mesmo modo, também um levita que, pela sua profissão
conhecia os mandamentos de Deus, vinha por aquele lugar, viu-o mas passou
adiante. Contudo, um Samaritano - um daqueles com quem os judeus piedosos não
queriam nada porque pensavam que eles não veneravam a Deus de modo
conveniente -, tendo chegado perto dele e vendo-o assim, encheu-se de
compaixão, tratou-lhe as feridas, montou-o sobre a sua jumenta, levou-o para
uma estalagem e pagou para que fosse cuidado.
No fim, Jesus
perguntou ao seu interlocutor; "Qual dos três te parece ter sido o
próximo daquele que caíra nas mãos dos salteadores?"
O doutor da Lei
compreendeu e ficou perturbado. Porque o que Jesus dá por pressuposto e de
forma tão evidente, representa bem mais do que aquilo que até então ele
tinha pensado. Compreende: eu posso e devo tornar-me o próximo de qualquer
pessoa. Não só daqueles que me estimam, familiares e amigos, mas também dos
que não conheço. E mesmo dos que não partilham da minha fé. Todos os que
encontro pelo caminho podem ser meus próximos - e eu devo tornar-me o
próximo de todos os que necessitam de mim. A necessidade do próximo diz-me
como agir. E no caso de alguém perguntar: "Até onde deve ir a minha
ajuda?", existe uma regra
simples: a medida daquele que presta ajuda. Essa pessoa cumpre o mandamento de
Jesus, quando auxilia alguém que se encontra em necessidade, como ele
próprio gostaria de ser ajudado em circunstâncias semelhantes.
"Ama
o teu próximo", diz Jesus. E este amor não significa apenas uma ajuda
material. Implica também que digamos a alguém, que está sem esperança e
sem confiança em si, que não se ama e está sem forças. Estou certo de que
Deus te ama. E porque, para Deus, tu és digno de ser amado, tu tens todas as
razões para te amar a ti mesmo.
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PRIMEIRA
EPÍSTOLA DE SÃO JOÃO 4,19-21 |
Regra:
No livro de Tobias (4,15), encontramos esta frase que designamos por
"Regra de ouro": "Não faças a ninguém o que não queres que
te façam a ti". De modo afirmativo, São Mateus junta-lhe este
princípio - como palavra de Jesus - no Sermão da Montanha: "Tudo aquilo
que quereis que os homens vos façam a vós, fazei-o também a eles" (Mt
7,12).
17. A
oração do Senhor
Jesus conhece as
orações da comunidade judaica. Ele louva, dá graças e reza no seio da
assembléia dos fiéis. Ao Sábado, assiste com os seus discípulos ao culto
divino, na sinagoga. Às refeições, canta com eles os salmos de David. Por
vezes, afasta-Se para rezar sozinho. Um dia, de manhã cedo, os discípulos
encontram-n'O em oração, num lugar deserto (Mc 1,35). Noutra ocasião, Jesus
envia os discípulos numa barca para a outra margem do lago enquanto fica a
rezar na montanha (Mc 6,46).
Um dos discípulos
pergunta a Jesus: "Senhor, ensina-nos a rezar" (Lc 11,1). E Jesus
ensina-lhes a oração de todos os cristãos, o Pai
Nosso.
O Pai
Nosso é exposto no Evangelho de São Lucas (Lc 11,2-4) numa versão
abreviada; no de São Mateus (6,9-13) numa versão mais longa. É este texto
mais longo que se tornou a oração de todos os cristãos.
17.1 Pai
Nosso que estais nos Céus
Jesus, o Filho de
Deus, leva consigo até junto de seu Pai, todos aqueles que, cheios de
confiança, se tornaram seus irmãos e irmãs. Como filhos e filhas de Deus,
têm o direito de O invocar através de um nome que exprime a sua pertença e
intimidade: Abba, papá (paizinho).
Quando dizemos:
"Pai Nosso que estais nos Céus", queremos dizer que, por Ele e
junto d'Ele, tudo o que significa a palavra "céu" torna-se para
nós realidade: felicidade, segurança, paz, vida em plenitude.
A paternidade de
Deus estende-se também aos filhos e filhas que vivem experiências
desagradáveis com os pais biológicos: que não são amados, mas rejeitados;
que não são aprovados, mas censurados; que não são encorajados, mas
condenados; que não são libertados, mas oprimidos. Na comunidade dos
crentes, estas pessoas descobrem irmãos e irmãs que lhes permitem
experimentar aquilo que lhes tinha sido negado.
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SALMO
27,10 |
17.2 Santificado
seja o vosso Nome
Santificar o Nome
de Deus não significa que O glorifiquemos só dentro dos muros das igrejas
nas orações comuns, que O silenciemos e afastemos de tudo o que tem a ver
com o mundo.
Santificar
o Nome de Deus significa: chamar os outros pelo seu nome, tanto os que estão
perto como os que estão longe; não precisamos de humilhar o nome do outro
receando que o nosso seja esquecido: "Não tenhas medo... chamei-te pelo
teu nome: tu és meu" (Is 43,1).
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DIDAQUÊ
(DOUTRINA DOS DOZE APÓSTOLOS, SÉCULOS IIII) |
17.3 Venha
a nós o vosso Reino
Os crentes aguardam
que o Reino de Deus se faça realidade. Escutam atentamente quando Jesus diz:
"Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e
acreditai no Evangelho"
(Mc 1,15).
No povo judeu
muitos esperam o começo do Reino de Deus, o seu Reino. Acreditam que Deus
virá, na pessoa do Messias, completar o que eles não podem fazer por si
próprios: vencer os inimigos do seu povo, expulsar os romanos do país, e
reinar, desde Jerusalém - o centro do mundo - sobre todas as nações, ser um
rei poderoso sobre o trono de David. Mas Jesus fala duma outra maneira do
Reino de Deus e do seu Reino: conta histórias através de imagens,
parábolas. Ele diz: O Reino de Deus é semelhante a uma semente que o
semeador lançou à terra (Mt 13,1-9). É semelhante a um grão de mostarda
que se tornou uma árvore (Mt 13,31-32), ao fermento que uma mulher toma e
amassa com três medidas de farinha (Mt 13,33), a um tesouro escondido no
campo (Mt 13,44).
Jesus diz aos seus
discípulos: vivam de tal maneira que os outros vejam através da vossa fé,
da vossa esperança e da vossa caridade, que o Reino de Deus está a crescer.
Deixai os vossos cálculos. Só Deus conhece o dia e a hora. Quanto a vós,
sede vigilantes a fim de não faltardes à festa de Deus. E suplicai: Venha a
nós o vosso Reino!
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CF.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS 5,1-10 |
Boa
Nova (Evangelho): Esta palavra
grega aplica-se ao anúncio da vitória depois duma batalha ou ainda ao
anúncio do nascimento duma criança de família real. Em relação a Jesus,
significa a mensagem que Ele entrega e os sinais que realiza.
17.4 Seja
feita a vossa vontade
Porque Deus é Rei
e Senhor, porque o seu Reino é uma realidade para todos os homens,
perguntamos: Que quer Deus? Que quer Deus de mim? Porque no mundo onde
vivemos, nas nossas sociedades, é a vontade do homem que conta: a vontade do
pai e da mãe, dos professores e dos superiores, dos legisladores e dos que
exercem repressão para que as leis se imponham. Mas ninguém pergunta se o
que eles fazem seguindo a sua vontade é também a vontade de Deus.
Ergamos
os olhos a Maria, que disse "Fiat" (sim) quando o anjo a visitou. E
para Jesus, que disse de Si próprio: "O meu alimento é fazer a vontade
d'Aquele que Me enviou e realizar a sua obra" (Jo 4,34). Sabemos também
que Jesus rezou no jardim de Getsémani, na noite antes da sua morte:
"Pai, se é da tua vontade, afasta de Mim este cálice! Contudo, que não
se faça a minha vontade, mas a tua!" (Lc 22,42). No dia seguinte, Jesus
é crucificado. Os homens fizeram d'Ele o que quiseram. Mas Deus não O
abandonou. Ressuscitou dos mortos o seu Filho. Jesus é o penhor da nossa
esperança. Podemos apoiar-nos n'Ele quando a desgraça nos bate à porta.
A
vontade de Deus está na nossa confiança na sua presença em nós mesmos no
meio do sofrimento, no seu auxílio mesmo quando não o compreendemos. A sua
vontade é que haja paz na terra e vida para todos os homens. Sentimos a
vontade de Deus na nostalgia que nos dá alento, no amor aos nossos
semelhantes e na esperança que não nos permite duvidar. Sentimos também a
vontade de Deus nas perguntas para as quais não temos respostas.
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17.5 O pão
nosso de cada dia nos dai hoje
Na segunda parte do
Pai Nosso, pedimos ao Pai que Ele nos dê o necessário para o nosso sustento:
o pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Deus
dá-nos a sua palavra. Dá-nos o seu pão. Dá-nos Jesus, seu Filho. Na
Eucaristia, Ele próprio Se torna nosso pão quotidiano.
Quando
pedimos a Deus o nosso pão de cada dia, referimo-nos a tudo o que
necessitamos para viver: o pão e a água, o calor e o lar, o trabalho e a
comunidade, a sua bênção.
Deus
dá-nos a terra sobre a qual cresce o trigo e o arroz, a mandioca e o milho: o
"fruto da terra e do trabalho dos homens" a fim de que partilhemos
com os que têm fome.
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ORAÇÃO
PARA A PREPARAÇÃO DOS DONS |
17.6 Perdoai-nos
as nossas ofensas
A quinta petição
do Pai Nosso consta de duas partes: uma súplica e uma promessa.
Todos
nós ficamos presos numa engrenagem de injustiça e de culpabilidade, se
pensarmos que a vingança é a única reação possível à injustiça
recebida. Jesus mostra-nos que é possível romper essa engrenagem: podemos
fazer com que o amor seja mais forte que a ofensa e a ira; podemos dialogar
com aquele que cometeu uma injustiça conosco, podemos dar-lhe uma
oportunidade e também a nós próprios.
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EVANGELHO
SEGUNDO SÃO MATEUS 5,23-24 |
Não
podemos dizer sinceramente a oração que Jesus nos ensinou, enquanto cada um
de nós não perdoar ao outro, de todo o coração.
17.7 Não
nos deixeis cair em tentação
Deus concede aos
homens a liberdade - e com ela, a capacidade de assumir as decisões pessoais
- para uma vida feita de confiança em Deus, na sua Palavra e nos seus
mandamentos, ou então, para uma vida sem Deus.
A dúvida pode
surgir no nosso coração: Deus não me ama, não me vê, não Se preocupa
comigo. O tentador trata de nos seduzir: Porque te agarras a Deus? Ele não te
dá nada. Sem Ele irás muito mais longe, terás uma vida mais fácil, à
vontade...
A história da
sedução, do amor traído, começa com o primeiro homem.
A tentação
significa: ser posto à prova, fazer uma experiência que ameaça o meu
equilíbrio, que exige a minha decisão. "Caímos" em tentação. Na
tentação é a minha liberdade que está em jogo. Trata-se de mim e do meu
Deus.
Quem quiser vencer
na tentação, terá de apoiar-se em Jesus. Ele permaneceu fiel ao Pai - e
não em vão. Podemos estar seguros de que o Deus fiel nos concederá, na
tentação, o modo para sair dela e a força para a suportar (1Cor 10,13).
Quando pedimos a
Deus que nos preserve e fortaleça na tentação, devemos estar próximos uns
dos outros, apoiar-nos e assistir-nos mutuamente. E devemos velar para que
ninguém tente o outro, não o faça tropeçar. Quando alguém está só e
débil, facilmente pode cair. Quando muitos estão juntos na fé, são capazes
- com a ajuda de Deus - de resistir, com firmeza, aos poderes do mal.
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EXTRACTO
DA ORAÇÃO JUDAICA DA TARDE |
17.8 Mas
livrai-nos do mal
O mal está
presente em toda a parte - não é preciso procurá-lo. As catástrofes
naturais, os tremores de terra, as inundações, os acidentes de vária ordem
destroem a vida de muitas pessoas. As vítimas perguntam: "Porquê? Que
fiz eu para merecer isto?" Com freqüência os homens fazem mal uns aos
outros. Não podemos confiar uns nos outros.
Quando suplicamos
"Livrai-nos do mal", apresentamos toda a miséria do mundo ao Pai
celeste. Pensamos nas catástrofes que nos ameaçam, mas também no mal em que
nos vemos implicados - sem que nos tenham consultado - ou no qual implicamos
outros. Pensamos nos regulamentos e leis feitos de modo a que as guerras não
acabem, que os poderosos o sejam cada vez mais, os ricos cada vez mais ricos,
os pobres cada vez mais pobres e os que dependem, cada vez mais dependentes.
Como cristãos,
nós não acreditamos unicamente no "Mal", mas também no
"Maligno". A tradição da fé cristã afirma: isto é obra do
maligno, o inimigo de Deus, o Diabo. Ele é também inimigo do homem. Ele quer
separar-nos de Deus. Seduz-nos e engana-nos para nos pôr do seu lado. Quer
afastar-nos da vontade de Deus e conquistar-nos com o seu plano de ódio e
inveja; afastar-nos do caminho que conduz à vida, ao seguimento de Jesus para
nos levar por um caminho que nos leva à perdição. O mistério obscuro das
forças do Mal faz-nos sofrer. Mas nós acreditamos que o Deus de Jesus Cristo
é mais forte que todos os poderes do Mal no mundo. Quem se apóia em Deus
pode viver sem medo, confiando n'Aquele que venceu o Mal. No último dia, o
Senhor voltará - e com Ele, o novo mundo de Deus, no qual Deus será tudo em
todos.
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17.9 Nós
Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos damos graças
É legítimo
dirigir súplicas a Deus porque Ele nos atende com amor. Podemos pedir porque
Ele tem o poder de dar o que nós necessitamos. Ele é senhor da sua criação
e toda a vida é criada para O louvar. Quem acredita que Deus é amigo dos
homens, que Ele está próximo das suas criaturas em tudo o que lhes acontece,
sente que é bom pertencer a Deus, dar-Lhe graças e cantar seus louvores.
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APOCALIPSE
DE SÃO JOÃO 5,13 |
Desde os primeiros
tempos da Igreja, o Pai Nosso termina com o louvor da assembléia:
VOSSO
É O REINO E O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE
AMEM!